quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Policial Civil que pulou catraca é o mesmo de 'selfie' em sequestro, diz polícia

Foto de atirador de elite foi feita enquanto mensageiro era feito refém no DF.
Ele rendeu segurança nesta quarta após ser questionado por pular catraca.

Raquel Morais Do G1 DF
A Polícia Civil do Distrito Federal informou no início da tarde desta quarta-feira (15) que o policial flagrado rendendo um segurança após ser questionado por pular a catraca de um centro médico é o mesmo que aparece em uma selfie feita durante o sequestro no Hotel Saint Peter. Ele é atirador de elite da Divisão de Operações Especiais e, na ocasião, fez uma foto de si e de um colega enquanto um homem mantinha o mensageiro do estabelecimento refém.
Na foto, é possível ver o policial em cima de um prédio vizinho ao qual ocorria o crime, enquanto, no fundo, um colega está posicionado com a arma. De acordo com a corporação, a foto tinha a finalidade de verificar a posição de atiradores. A polícia chegou a abrir investigação, mas a arquivou por entender que não houve transgressão disciplinar. O incidente ocorreu no dia 29 de setembro.
Foto que circula em redes sociais mostra
atiradores de elite que atuaram no caso de homem
que fez funcionário de hotel refém por quase oito
horas em Brasília (Foto: Reprodução)
Foto que circula em redes sociais mostra atiradores de elite que atuaram no caso de homem que fez funcionário de hotel refém por quase oito horas em Brasília (Foto: Reprodução) O policial também é investigado pela ação contra o vigia. O conflito aconteceu ao meio-dia desta terça-feira (14) na 709/908 Sul. Imagens feitas pelo circuito de segurança da clínica e por pacientes mostram a confusão.
O vídeo mostra o homem chegando ao local. O porteiro está liberando a passagem de pacientes do centro médico, e o homem não espera e pula as catracas. Depois, o segurança – que havia sido acionado após o ocorrido – aparece de costas, rendido pelo agente. O policial chega a dizer que tentou evitar a situação. "Eu também tentei evitar ao máximo", declarou.
No depoimento prestado na delegacia, o homem afirma que tinha ido ao local acompanhar a consulta do bebê dele, que estava com uma crise alérgica. A mulher dele havia entrado com a criança, enquanto ele estacionava. Ele diz que teve o acesso negado e que pulou por estar "aflito diante da situação do filho".

O agente afirmou ainda que, quando deixou o centro médico, foi seguido pelo segurança. O funcionário teria questionado a atitude dele e o chamado de "babaca". O policial disse que, então, deu voz de prisão e solicitou apoio.

Ao G1, o segurança Paulo César Sousa Silva, de 36 anos, negou as agressões verbais. Ele conta que aguardou a consulta acabar para então questionar a postura do policial. Segundo o vigia, o agente e a mulher o chamaram de "palhaço" e de "moleque" e disseram que pulariam a catraca "sempre que quisessem".
O segurança Paulo César Sousa Silva, levado para delegacia após questionar policial por pular a catraca em centro médico de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1) 
 
O segurança Paulo César Sousa Silva, levado para delegacia após questionar policial por pular a catraca em centro médico de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1)
"O filho dele já estava sendo atendido quando ele chegou. Se fosse ele que fosse socorrer o filho, eu daria uma mãozinha para ele pular, eu seria o primeiro a querer que ele salvasse uma vida", disse Silva.
O filho dele já estava sendo atendido quando ele chegou. Se fosse ele que fosse socorrer o filho, eu daria uma mãozinha para ele pular, eu seria o primeiro a querer que ele salvasse uma vida"
Paulo César Sousa Silva,
segurança de centro médico
Bastante abalado, o segurança afirma que nunca passou por algo semelhante nos sete anos de profissão. "Ele me deu voz de prisão, me pôs no cubículo da viatura como se eu fosse marginal. Estou aqui para zelar pela segurança de quem trabalha aqui, dos pacientes, dele. Eu me senti constrangido, humilhado."

Outros funcionários da clínica e pacientes dizem que o vigilante adotou uma conduta "adequada" na abordagem. Sem se identificar, eles comentaram que não havia espera na recepção e que o homem não quis aguardar ser liberado.
O administrador, Esmerindo Nunes Filho, afirma que a delegada chegou a se desculpar pelo comportamento do colega. "Vendo a situação e o erro gravíssimo, ela nos pediu mil desculpas, mas também pediu que não divulgássemos isso de jeito nenhum. Sou contra. Nosso segurança ficou completamente abalado. É uma pessoa humilde. E não só humilde, é de uma educação fora do comum. Não podemos compactuar com isso."
Policial rende segurança após ser questionado por pular catraca de hospital no DF (Foto: Centro Médico Júlio Adnet/Divulgação) 
Policial rende segurança após ser questionado por pular catraca de hospital no DF (Foto: Centro Médico Júlio Adnet/Divulgação)
A empresa forneceu advogado para acompanhar o segurança durante o processo. A Polícia Civil disse que apura os fatos e que, caso surja indícios de transgressão disciplinar por parte do agente, o caso pode ser encaminhado para a corregedoria da corporação.

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