quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O grande derrotado nas urnas

07/10/2014
 às 11:40 \ Corrupção, Democracia, Política|Veja.com

Onde está Lula? Por onde anda o “Padim Ciço”, o Midas da política, o carismático líder capaz de acender postes Brasil afora? Sumiu! Escafedeu-se! Não aparece para entrevistas, para sorrir diante das câmeras. Não é por menos: amargou a maior derrota nas urnas nesse dia 5 de outubro. Foi o grande perdedor.
Suas duas maiores apostas pessoais, Lindbergh Farias no Rio e Alexandre Padilha em São Paulo, perderam feio, um ficando em quarto lugar e o outro em terceiro. O senador Eduardo Suplicy, após vários mandatos, ficou de fora do Senado também, sendo derrotado por José Serra, alvo de constantes ataques do PT.
Em Minas Gerais, o PT venceu, mas com Fernando Pimentel, que além de não ser do núcleo de Lula, é petista “com cara de tucano” (ainda que goste de fazer consultorias fantasmas como um típico petista). E achei uma ingratidão dele não incluir os Correios na lista de agradecimentos pela vitória.
Por outro lado, o PT foi massacrado em São Paulo, berço do PT e território tradicional de influência do próprio Lula. Como diz a reportagem do GLOBO:
O cenário do estado de São Paulo foi o pior possível: a presidente Dilma Rousseff perdeu em cidades governadas pelo PT e na própria São Bernardo do Campo, dirigida por Luiz Marinho, um dos coordenadores da campanha à reeleição. 
Até para Marina Silva (PSB) Dilma perdeu em Mauá, governada pelo PT e uma das maiores cidades do ABC Paulista. Perdeu para Aécio Neves (PSDB) em Santo André, comandada pelo petista Carlos Grana, forte aliado de Lula, e nas cidades petistas de Guarulhos, Osasco e São José dos Campos, onde ela e Lula participaram de comícios, carretas e caminhadas. Na periferia da capital, onde Lula chegou a fazer três atos políticos por dia, o jogo ficou dividido entre Dilma e Aécio, que ganhou em São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Campo Limpo. A representação do PT paulista perdeu cinco deputados, fechando as contas em dez cadeiras. No plano nacional, o partido caiu de 88 vagas para 70.
O jornalista José Casado também destacou o fato em sua coluna de hoje, lembrando que o PT foi “atropelado” no estado::
O mapa de votação de Dilma Rousseff mostra que o PT acabou atropelado no seu núcleo, o “cinturão” operário. Perdeu na capital (com 20,6% dos votos), em Santo André (27,6%), São Bernardo (32,7%), São Caetano (14,9%), São José (21,4%), Santos (20,1%), Campinas (25,7%) e Ribeirão Preto (20,7%).
Lula, Dilma e o PT assustaram-se porque 57 milhões “ousaram duvidar” de suas propostas, preferindo as de Aécio e Marina. Porém, o eleitorado que dizimou a bancada petista em Pernambuco, os premiou com os governos de Minas e Bahia, maioria de até 70% no Nordeste e a liderança na chegada ao segundo turno.
Agora, na encruzilhada, precisam optar entre a reinvenção da presidente-candidata e o velho receituário, que estabelece como missão a reforma do país sob critérios exclusivos do PT, não importando os desejos do eleitorado.
Restou ao PT de Lula expandir sua influência no nordeste, nas regiões mais pobres e carentes, com menor escolaridade e IDH, onde pululam dependentes do Bolsa Família. O populismo de Lula só vinga onde há muita miséria e ignorância, eis a grande conclusão das urnas.
O Brasil está rachado ao meio. Há uma correlação enorme entre baixo IDH e voto no PT, demonstrando que o partido necessita da pobreza para sobreviver. Por isso o PT não tem interesse em realmente combater a miséria no país e melhorar a educação: quanto mais educado e rico o eleitor, mais ele foge do PT.
O historiador Marco Antonio Villa escreveu um artigo contundente hoje contra essa praga populista tão bem representada pelo próprio Lula. Diz ele:
Diferentemente de 2006 e 2010, o PT está fragilizado. Dilma é a candidata que segue para tentar a reeleição com a menor votação obtida no primeiro turno desde a eleição de 1994. Seu criador foi derrotado fragorosamente em São Paulo, principal colégio eleitoral do país. Imaginou que elegeria mais um poste. Não só o eleitorado disse não, como não reelegeu o performático e inepto senador Eduardo Suplicy, e a bancada petista na Assembleia Legislativa perdeu oito deputados e seis na Câmara dos Deputados.
[...]
O arsenal petista de dossiês contra Aécio já está pronto. Os aloprados não têm princípios, simplesmente cumprem ordens. Sabem que não sobrevivem longe da máquina de Estado. Contarão com o apoio entusiástico de artistas, intelectuais e jornalistas. Todos eles fracassados e que imputam sua insignificância a uma conspiração das elites. E são milhares espalhados por todo o Brasil.
[...]
Aécio Neves tem todas as condições para vencer a eleição mais difícil da nossa história. Se Tancredo Neves foi o instrumento para que o Brasil se livrasse de 21 anos de arbítrio, o neto poderá ser aquele que livrará o país do projeto criminoso de poder representado pelo PT. E poderemos, finalmente, virar esta triste página da nossa história.
Amém! Mas ainda não acabou. A luta será árdua, e o PT jogará muito baixo. Na verdade, já começaram os ataques mentirosos espalhados nas redes sociais pelos “jornalistas” medíocres a soldo do partido. O desespero de perder as tetas estatais é enorme. Permaneceram somente esses dois tipos ao lado do PT: os vendidos e os ignorantes, massa de manobra dos oportunistas.
Lula foi, sem dúvida, o maior derrotado nas urnas. Ainda falta, porém, o golpe de misericórdia, a pá de cal para enterrar de vez essa triste fase de nossa história, a era mais populista, corrupta e imoral de todas. Nunca antes na história deste país se viu algo assim. Passou da hora de dar um basta. Que Lula tenha receio e vergonha de sair de casa mesmo, de mostrar sua cara de pau em público, pois o povo brasileiro cansou de tanta safadeza!
Rodrigo Constantino

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