domingo, 12 de outubro de 2014

Marina Silva anuncia apoio a Aécio Neves



12/10/2014 11:29 - Atualizado em 12/10/2014 11:29

Folhapress



Miguel Schincariol/AFP
Marina Silva
Ao lado de seu ex-candidato a vice, Marina Silva declarou seu voto e seu a poio a Aécio Neves
A candidata derrotada à Presidência, Marina Silva (PSB), declarou neste domingo (12) seu voto e apoio a candidatura do tucano Aécio Neves.
"Tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio Neves, declaro meu voto e meu apoio neste segundo turno. Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos", disse a pessebista.
Marina Silva assumiu a cabeça da chapa do PSB à Presidência após a morte de Campos no acidente aéreo em 13 de agosto. Fora do segundo turno, Marina condicionou o apoio a Aécio a um alinhamento programático entre suas propostas e as do tucano.
Parte das demandas de Marina já estava no programa de governo do tucano, mas ele elaborou uma "carta compromisso" contemplando formalmente algumas das reivindicações da pessebista.
"Quero, de início, deixar claro que entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a nação. Rejeito qualquer interpretação de que seja dirigida a mim, em busca de apoio", disse Marina na abertura de seu discurso ao lado do vice na sua chapa, Beto Albuquerque (PSB-RS).
"Faço esta declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. Não estou com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar. O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas."
Compromissso de Aécio
Ladeado pelos principais nomes do PSB em Pernambuco e de Albuquerque, o presidenciável garantiu que dará prioridade à demarcação de terras indígenas e ampliará a reforma agrária. Ele voltou a defender o fim da reeleição, mas não deixou claro se abriria mão de disputá-la em 2018. Também disse que manterá e ampliará os programas sociais existentes. Em São Paulo, o coordenador da campanha de Marina, Walter Feldman, disse que a ex-senadora considerou a carta um avanço. Com isso, espera-se que ela endosse a candidatura do tucano.
Integrantes do grupo de Marina pediram ainda que Aécio desistisse de defender a redução da maioridade penal para crimes hediondos, uma das principais bandeiras da campanha do tucano no primeiro turno. Nesse ponto, ele não cedeu. Questionado sobre o assunto, Aécio afirmou que o fim da revisão da pena para menores nunca foi colocado pelo grupo de Marina como pré-requisito ao apoio à sua candidatura no segundo turno.
Coordenador-geral da campanha de Marina à Presidência, Walter Feldman disse neste sábado (11) que a ex-senadora considerou um avanço a carta de compromissos que Aécio Neves (PSDB) divulgou neste sábado (11), em relação conteúdo de programa do tucano no primeiro turno.
Apoio da família de Eduardo Campos
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) também recebeu no sábado (11) o apoio formal da viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB). Em carta lida por João, seu filho mais velho, Renata Campos disse acreditar "na capacidade de diálogo e gestão" do candidato e desejou "sorte" na corrida ao Planalto.
"Somos nordestinos, pernambucanos e queremos, juntos, construir a nação brasileira. Siga em frente, Aécio. Boa sorte e que Deus nos proteja", escreveu Renata, que recebeu o tucano em sua casa para um almoço.
Em comício em Sirinhaém, zona da mata de Pernambuco, Aécio disse que os "sonhos de Eduardo" agora são os seus sonhos. "O que estamos fazendo aqui não é uma aliança eleitoral. É um pacto por todo uma vida, pela defesa da administração pública brasileira", disse Aécio ao lado de Renata.
Leia na íntegra o pronunciamento de Marina Silva
"Ontem, em Recife, o candidato Aécio Neves apresentou o documento “Juntos pela Democracia, pela Inclusão Social e pelo Desenvolvimento Sustentável”.
Quero, de início, deixar claro que entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a nação.
Rejeito qualquer interpretação de que seja dirigida a mim, em busca de apoio.

Seria um amesquinhamento dos propósitos manifestados por Aécio  imaginar que eles se dirigem a uma pessoa e não aos cidadãos e cidadãs brasileiros.

E seria um equívoco absoluto e uma ofensa imaginar que me tomo por detentora de poderes que são do povo ou que poderia vir a ser individualmente  destinatária de  promessas ou compromissos.

Os compromissos explicitados e assinados por Aécio tem como única destinatária a nação e a ela deve ser dada satisfação sobre seu cumprimento.

E é apenas nessa condição que os avaliei para orientar minha posição neste segundo turno das eleições presidenciais.

Estamos vivendo nestas eleições uma experiência intensa dos desafios da política.

Para mim eles começaram há um ano, quando fiz com Eduardo Campos a aliança que nos trouxe até aqui.

Pela primeira vez, a coligação de partidos se dava exclusivamente por meio de um programa, colocando as soluções para o país acima dos interesses específicos de cada um.

Em curto espaço de tempo, e sofrendo os ataques destrutivos de uma política patrimonialista, atrasada e movida por projetos de poder pelo poder, mantivemos nosso rumo, amadurecemos, fizemos a nova política na prática.

Os partidos de nossa aliança tomaram suas decisões e as anunciaram.

Hoje estou diante de minha decisão como cidadã e como parte do debate que está estabelecido na sociedade brasileira.

Me posicionarei.

Prefiro ser criticada lutando por aquilo que acredito ser o melhor para o Brasil, do que me tornar prisioneira do labirinto da defesa do meu interesse próprio, onde todos os caminhos e portas que percorresse e passasse, só me levariam ao abismo de meus interesses pessoais.

A política para mim não pode ser apenas, como diz Bauman, a arte de prometer as mesmas coisas.

Parodiando-o, eu digo que não pode ser a arte de fazer as mesmas coisas.

Ou seja, as velhas alianças pragmáticas, desqualificadas, sem o suporte de um programa a partir do qual dialogar com a nação.

Vejo no documento assinado por Aécio mais um elo no encadeamento de momentos históricos que fizeram bem ao Brasil e construíram a plataforma sobre a qual nos erguemos nas últimas décadas.

Ao final da presidência de Fernando Henrique Cardoso, a sociedade brasileira demonstrou que queria a alternância de poder, mas não a perda da estabilidade econômica.

E isso foi inequivocamente acatado pelo então candidato da oposição, Lula, num reconhecimento do mérito de seu antecessor e  de que precisaria dessas conquistas para levar adiante o seu projeto de governo.

Agora, novamente, temos um momento em que a alternância de poder fará bem ao Brasil, e o que precisa ser reafirmado é o caminho dos avanços sociais, mas com gestão competente do Estado e com estabilidade econômica, agora abalada com a volta da inflação e a insegurança trazida pelo desmantelamento de importantes instituições públicas.

Aécio retoma o fio da meada virtuoso e corretamente manifesta-se na forma de um compromisso forte, a exemplo de Lula em 2002, que assumiu compromissos com a manutenção do Plano Real, abrindo diálogo com os setores produtivos.

Doze anos depois, temos um passo adiante, uma segunda carta aos brasileiros, intitulada: “Juntos pela democracia, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável”.

Destaco os compromissos que me parecem cruciais na carta de Aécio:



    O respeito aos valores democráticos, a ampliação dos espaços de exercício da democracia e o resgate das instituições de Estado.



    A valorização da diversidade sociocultural brasileira e o combate a toda forma de discriminação.



    A reforma política, a começar pelo fim da reeleição para cargos executivos, que tem sido fonte de corrupção e mau uso das instituições de Estado.



    Sermos capazes de entender que, no mundo atual, a ampliação da participação popular no processo deliberativo, através da utilização das redes sociais, de conselhos e das audiências públicas sobre temas importantes, não se choca com os princípios da democracia representativa, que têm que ser preservados.



    Compromissos sociais avançados com a Educação, a Saúde, a Reforma Agrária.



    Prevenção frente a vulnerabilidade da juventude, rejeitando a prevalência da ótica da punição.



    Lei para o Bolsa Família, transformando-o em programa de Estado



    Compromissos socioambientais de desmatamento zero, políticas corretas de Unidades de Conservação, trato adequado da questão energética, com diversificação de fontes e geração distribuída.



    Inédita determinação de preparar o país para enfrentar as mudanças climáticas e fazer a transição para uma economia de baixo carbono, assumindo protagonismo global nessa área.



    Manutenção das conquistas e compromisso de assegurar os direitos indígenas, de comunidades quilombolas e outras populações tradicionais. Manutenção da prerrogativa do Poder Executivo na demarcação de Terras indígenas



    Compromissos com as bases constitucionais da federação, fortalecendo estados e municípios e colocando o desenvolvimento regional como eixo central da discussão do Pacto Federativo.



Finalmente, destaco e apoio o apelo à união do Brasil e à busca de consenso para construir uma sociedade mais justa, democrática, decente e sustentável.

Entendo que os compromissos assumidos por Aécio são a base sobre a qual o pais pode dialogar de maneira saudável sobre seu presente e seu futuro.

É preciso, e faço um apelo enfático nesse sentido, que saiamos do território da política destrutiva para conseguir ver com clareza os temas estratégicos para o desenvolvimento do país e com tranqüilidade para debatê-los tendo como horizonte o bem comum.

Não podemos mais continuar apostando no ódio, na calúnia e na desconstrução de pessoas e propostas apenas pela disputa de poder que dividem o Brasil.

O preço a pagar por isso é muito caro: é a estagnação do Brasil, com a retirada da ética das relações políticas.

É a substituição da diversidade pelo estigma, é a substituição da identidade nacional pela identidade partidária raivosa e vingativa.

É ferir de morte a democracia.

Chegou  o momento de interromper esse caminho suicida e apostar, mais uma vez, na alternância de poder sob a batuta da sociedade, dos interesses do pais e do bem comum.

É com esse sentimento que, tendo em vista os compromissos assumidos por Aécio Neves,  declaro meu voto e meu apoio neste segundo turno.

Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos,  dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.

Faço esta declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu.

Não estou com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar.

O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas."


Atualizado às 12h16

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