quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Jeito de andar pode ampliar chances de assalto

PESQUISA

Para cientistas, 'aprender a caminhar direito' pode ajudar a evitar situações de risco na rua; dica é aprender a se locomover com mais energia e sincronia

Técnica 'point light walker', que mapeia o movimento do corpo.
Técnica 'point light walker', que mapeia o movimento do corpo.
PUBLICADO EM 01/10/14 - 11h56
O jeito que caminhamos fala muito sobre nós. Tanto para o bem, quanto para o mal. De acordo com uma série de pesquisas feitas por cientistas, a probabilidade de uma pessoa ser assaltada pode ser influenciada também pela forma de andar. A notícia boa é que é possível corrigir esse 'erro'.
Desde a década de 80, cientistas estudam os motivos que levam alguém a ser escolhido como alvo de um assalto. Isso porque os assaltos são distribuídos de forma desigual entre a população: enquanto algumas pessoas nunca foram abordadas, outras já foram diversas vezes. O que faria uma pessoa ser um alvo fácil? Naquela década, os psicólogos Betty Grayson e Morris Stein, de Nova York, começaram a pesquisar o que os assaltantes procuram em suas vítimas.
Para isso, eles filmaram pessoas comuns caminhando pelas ruas daquela cidade. Os vídeos foram exibidos a 53 criminosos de um presído americano, que ajudaram no processo. Os homens, com histórico de roubos e até assassinatos, fizeram um ranking de cada pessoa gravada sobre sua chance de ser ou não abordada em um roubo.
Eles descobriram o óbvio: mulheres eram mais vulneráveis que homens, assim como idosos eram mais fáceis do que pessoas jovens. Porém, também perceberam que mesmo os homens jovens (que, então, poderiam ser considerados alvos difíceis) receberam notas baixas - ou seja, eram fáceis de assaltar.
Com a ajuda de dançarinos, eles mapearam o jeito de andar e perceberam que o movimento do corpo como o fator determinante nas decisões dos criminosos. A pesquisa dos psicólogos, no entanto, falhava ao não levar em conta variáveis como a roupa utilizada e a postura da cabeça.
Duas décadas depois, cientistas da universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, fizeram uma pesquisa mais detalhada. A partir da técnica 'point light walker' (as pessoas são vestidas de preto, com luzes nos pontos de junção corporal), estudaram apenas o movimento, sem interferências, como o rosto.
Com o PLW, 'leral' diversas coisas sobre a pessoa: o sexo, o humor, etc. Assim, foi possível demonstrar que certos indivíduos continuavam sendo alvos preferenciais baseado exclusivamente na forma como se movimentam - já que todas as outras variáveis tinham sido excluídas. O estudo provou que o movimento da vítima era o fator principal na escolha dos assaltantes.
Como andar Por fim, os cientistas também descobriram que é possível modificar a forma de andar. Para isso, filmaram voluntários andando antes e depois de fazer um curso de defesa pessoal. Eles perceberam que os cursos não influenciaram na forma como cada um andava.
A segunda etapa foi passar voluntários por aulas de movimento corporal, que ensinavam como se locomover com mais energia e sincronia - duas características que são apontadas em pessoas com baixa vulnerabilidade.
Após as aulas, os voluntários foram novamente analisados e os cientistas perceberam que o grau de vulnerabilidade caiu.

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