sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Internet: Baixaria cresce na reta final

Nas redes sociais, integrantes do PT e do PSDB passam a atuar como militantes e baixam o nível

PUBLICADO EM 24/10/14 - 04h00
Na teoria, e para a ampla divulgação da imprensa, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) selaram a paz. Cessaram os ataques pessoais em debates, assim como os processos na Justiça Eleitoral. Na prática, militantes e integrantes das duas campanhas intensificam a guerra em uma disputa bem menos amena que a presidencial: a da baixaria nas redes sociais.

Exemplos dos dois lados não faltam. Nessa quarta, um dos responsáveis pelas redes sociais da campanha de Aécio, Jorge Lopes Cançado, publicou em sua página do Facebook uma informação incorreta sobre uma falsa mudança de datas na votação.

O texto veiculado como sendo um comunicado oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dizia que, em função do risco de confusão, “quem vota no Aécio deverá votar neste domingo, dia 26/10/2014. Quem vota na Dilma, deverá votar no outro domingo, dia 02/11/2014”.

Por telefone, Cançado disse que a postagem era “a piada mais velha do WhatsApp”. Apesar de jurar se tratar de uma brincadeira, a mensagem termina com as hashtags #informações e #Eleições2014.

De acordo com o promotor Edson Resende, coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) das Promotorias Eleitorais de Minas, a configuração de crime eleitoral – com base no artigo 297 da Lei Eleitoral, que diz ser crime “impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio” – dependeria da repercussão do fato.

“Se fosse uma informação divulgada ao ponto de confundir as pessoas, poderíamos falar em crime eleitoral”, afirma o promotor.

O PT de Minas disse que irá acionar Cançado na Justiça. Porém, pouco tempo depois da iniciativa tucana, militantes petistas se apropriaram do texto e adotaram uma nova versão com personagens e datas invertidos.

O deputado estadual Rogério Correia (PT) também usou o Facebook para compartilhar material nada propositivo. Em uma montagem, Aécio aparece chutando uma mochila, com a inscrição “o tratamento que Aécio deu ao Bolsa Escola”. “Quando Aécio foi governador, acabou com o Bolsa Escola”, disse o petista.

O presidente do PSDB de Minas, Marcus Pestana, compartilhou no Facebook uma notícia que usava números falsos e que chamava de mentirosa a pesquisa DataFolha que mostrava os candidatos empatados. “Foi posterior ao desmentido deles. Depois apaguei”, disse.

A baixaria online inclui a manipulação de imagens e informações. Militantes tucanos divulgaram uma foto que mostra uma multidão no Reveillon de 2011 em Belo Horizonte como sendo da visita de Aécio nessa quarta.

Já militantes do PT divulgam cartazes apócrifos em que insinuam que o tucano agride mulheres.
Chumbo trocado
Xingamento
. Militantes tucanos espalharam áudio no aplicativo de celular WhatsApp em que “ensinam” a votar. Segundo as instruções, primeiro é preciso digitar o 13 na urna. O eleitor deve dizer palavrões a Dilma Rousseff. Depois, cancelar, apertar o 45 e confirmar o voto.

Dúvida. Uma outra mensagem de celular diz: “O PSDB sempre chamou o Bolsa Família de Bolsa Esmola. Agora, Aécio diz que não é contra. Dá pra confiar nele?”. O PSDB acionou o TSE pedindo investigação.

Reação. O candidato Aécio Neves (PSDB) criticou o envio da mensagem. “Hoje (nesta quinta) mesmo, (houve) a denúncia de telemarketing aterrorizando pessoas que são beneficiárias do Bolsa Família. Quem reage de forma tão sórdida não está preparada para a democracia e teme o resultado das eleições”.
Rivalidade no centro de BH

Nesta quinta, as ruas do centro de Belo Horizonte reproduziam o clima intenso de provocações das redes sociais na reta final das eleições.

As equinas foram tomadas por bandeiras e material de campanha de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Os militantes dos dois partidos faziam a entrega dos panfletos em clima de rivalidade. Neste sábado, os dois candidatos retornam ao Estado.

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