quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Em Madureira, berço do samba, o desfile agora é de fuzil

Rio de Janeiro

Reduto da Portela e do Império Serrano convive com bandidos armados em plena luz do dia

Leslie Leitão, do Rio de Janeiro - Veja.com
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Bandidos fazem patrulha nas ruas do bairro carioca de Madureira
Bandidos fazem patrulha nas ruas do bairro carioca de Madureira - Polícia Civil/Reprodução
A guerra pelo controle de bocas de fumo que se espalha pelo subúrbio carioca aumenta a ousadia dos criminosos. Antes entrincheiradas em seus redutos, as quadrilhas têm conquistado espaço em ruas que, até pouco tempo, não era possível vê-los armados até os dentes tão descaradamente.
Um desses novos territórios dos bandidos é o bairro de Madureira, tradicional terra do samba, cantada em verso e prosa, e onde a grande rivalidade se restringia às quadras da Portela e do Império Serrano. Na semana passada, moradores locais testemunharam as novas cenas do cotidiano local. Em uma das principais vias do bairro, a Avenida Edgar Romero, dezenas de criminosos patrulhavam os acessos ao Morro da Serrinha armados com fuzis e pistolas em plena luz do dia. 
A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso na delegacia da área. Outra unidade, que tem inquéritos em andamento que revelam um pouco da maneira de agir dessas quadrilhas, já identificou um dos criminosos exibicionistas. Marco Antônio de Oliveira Silva, conhecido pelo apelido de Angolano, é um dos principais seguranças da quadrilha do Terceiro Comando Puro (TCP), que trava batalhas diárias com o vizinho Morro do Cajueiro, dominado pela facção Comando Vermelho.
Angolano aparece de camisa listrada, bermuda de marca, boné azul e uma mochila verde nas costas, empunhando um fuzil calibre 7.62. Ao contrário da maior parte dos bandidos, que estão descalços, ele veste os meiões oficiais do Flamengo. Em janeiro de 2008, após ser baleado num confronto com a polícia, o criminoso foi levado para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Dias depois, Angolano foi resgatado por vinte comparsas, que invadiram a unidade médica armados e o libertaram. Dois meses mais tarde, ele chegou a ser preso pela Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos, mas foi solto e voltou para seu antigo posto na Serrinha.

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