quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Americana que planeja suicídio assistido divulga novo vídeo


Com câncer terminal, Brittany Maynard, de 29 anos, fala sobre a possibilidade de adiar a data da morte, marcada para este sábado, 1º de novembro

REDAÇÃO ÉPOCA
30/10/2014 16h30 - Atualizado em 30/10/2014 17h39
Brittany Maynard, em novo vídeo divulgado nesta quarta-feira (29) (Foto: Reprodução Youtube)
A psicóloga americana Brittany Maynard, que tem um câncer terminal, ganhou destaque no último mês, desde quando veio a público anunciar a data da própria morte. Em um vídeo emocionante, publicado dia 6, a americana de 29 anos explicou a escolha de recorrer ao suicídio assistido e definiu o dia em que colocaria um fim à própria vida: sábado, 1º de novembro. O depoimento viralizou nas redes sociais. Três dias antes da data planejada, Brittany lançou um novo vídeo (assista abaixo em inglês) em que reflete sobre a decisão e fala sobre a possibilidade de adiar os planos.
"Se chegar o dia 2 de novembro e eu já tiver morrido, espero que a minha família ainda se orgulhe de mim e das escolhas que fiz. E se eu ainda estiver viva, vamos continuar juntos no amor que temos um pelo outro e esta decisão virá mais tarde", afirma, entre lágrimas, referindo-se aos seus pais e ao marido. Dan Diaz apoia a decisão da mulher: "Vivemos um dia de cada vez. É um clichê, mas é mesmo assim."
No vídeo, de seis minutos, Brittany diz que se sente adoecendo a cada semana, mas ainda não o suficiente para acabar com a própria vida. "Ainda me sinto bem, ainda tenho felicidade suficiente. Ainda consigo dar risada com a minha família e amigos. A hora certa não me parece que é agora [para morrer]. Mas sei que vai chegar, sinto-me pior de semana para semana." No entanto, teme que demore muito e o tumor tire sua capacidade de tomar decisões. "Seria a pior coisa que poderia acontecer comigo." 
 
Brittany ao lado do marido, Dan, em seu casamento.  (Foto: Reprodução)
No blog Brittany Maynard Fund, da organização que criou para defender a eutanásia e a morte com dignidade, Brittany afirmou que concluiu a sua lista de desejos na semana passada, depois de visitar o Grand Canyon ao lado da família. Mas o dia seguinte, segundo ela, foi um dos piores de sua vida. As convulsões a impedem de falar e, uma vez, até esqueceu o nome do marido. Por causa dos medicamentos que toma para reduzir o inchaço do cérebro, a americana engordou 11 quilos em três meses. "É dolorido ouvir quando as pessoas dizem que eu não pareço doente como eu digo que estou", afirma, entre lágrimas. "Eu sei o quanto estou doente."
Na página na internet, Bittany agradece a demonstração de amor e apoio do público. E afirma: "Não lancei esta campanha porque queria atenção. De fato, é muito difícil para eu processar tudo isso. Eu fiz porque quero ver um mundo onde todos tenham acesso à morte com dignidade, como eu tive. Minha jornada é mais fácil por causa dessa escolha".
O diagnóstico e a decisão
Em janeiro deste ano, pouco depois de seu casamento, a psicóloga foi diagnosticada com um dos tipos mais graves de tumor cerebral maligno, chamado glioblastoma. Brittany logo foi submetida a duas cirurgias, que contiveram o câncer e renderam-lhe um prognóstico de mais dez anos de vida. Em abril, porém, os médicos constataram que o tumor voltou maior e mais agressivo. O prognóstico de vida mudou para só seis meses.
Ao pesquisar as opções de tratamento e a chance quase nula de cura, Brittany tomou a decisão de recorrer ao suicídio assistido, prática médica que permite, em termos legais, o paciente com câncer terminal a tirar a própria vida no momento em que desejar. O procedimento é permitido por lei em cinco estados americanos: Montana, Novo México, Vermont, Washington e Oregon. Outros sete distritos estão estudando projetos similares. No começo do ano, ela se mudou junto à família da Califórnia, onde morava, para a cidade de Portland, em Oregon. Lá, poderia viajar a lugares que sempre quis conhecer e passar seus últimos dias em paz ao lado de quem gosta.

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