sábado, 6 de setembro de 2014

Prostituta candidata a deputada diz estar sendo 'escondida' pelo partido

FORA DO AR

Cida Vieira afirma que sofre preconceito pelo PCdoB; partido nega

05/09/14 - 16h38 - O Tempo

Uma candidata a deputada federal pelo PCdoB alega estar sendo vítima de preconceito pelo próprio partido. Cida Vieira, de 47 anos e ex-presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), afirma que desde o início da divulgação dos programas eleitorais na televisão, no dia 19 de agosto, a sigla não exibiu sua candidatura. Além disso, teria recebido apenas 30 mil panfletos para divulgação, número inferior aos outros candidatos da coligação.
“Já fiz uma reclamação ao partido, que insiste em se calar diante da situação. Minha campanha está fora das ruas por falta de material, enquanto os outros candidatos possuem diversas produções gráficas. Todos na Guaicurus perguntam por que não apareço na TV” diz Cida, que ganhou notoriedade nos últimos anos por liderar movimentos pela valorização das prostitutas e pelo fim da violência contra as mulheres.
Richard Romano, secretário estadual de organização do PcdoB-Minas, argumenta que não há qualquer tipo de preconceito ou má vontade do partido em relação a candidata. Segundo ele, houve uma decisão partidária no início da corrida eleitoral que decidiu sobre as prioridades no uso do tempo de TV e de rádio. “Foi comunicado à candidata de que ela aparecerá em programas que irão ao ar no mês de setembro”, mostra o dirigente.
Apesar dos problemas financeiros enfrentados pelo PCdoB e confirmados por Richard, o secretário afirma que Cida Vieira recebeu todo o material que o partido havia se comprometido a fazer – cerca de 30 mil panfletos, de acordo com a candidata. Ele ainda argumenta que o que for produzido além disso, é por 'responsabilidade financeira dos próprios'.
O advogado Fernando Lago, representante de Cida Vieira no caso, afirma que a ação do partido faz com que a candidata seja prejudicada, já que o PCdoB estaria 'priorizando' as candidaturas de Wadson Ribeiro e Jô Moraes à Câmara dos Deputados. O jurista diz que já pleiteou, junto à sigla, que a propaganda seja veiculada.
“Se não conseguirmos resolver deste jeito, pensaremos em qual medida judicial mais grave pode ser tomada. Talvez uma reclamação formal ao TRE. Queremos que ela tenha uma divulgação na mesma proporção dos demais candidatos”, diz.
Mesmo com a grave acusação de que estaria sendo perseguida pelo histórico de militância pelas prostitutas, Cida não vê uma saída do PCdoB com bons olhos. “Não sei se sair do partido seria uma solução. Talvez fazermos mais diálogos internos sobre a questão ajudaria a sanar o problema, que não atinge apenas as prostitutas, mas também todas as minorias, como os negros, o público LGBT e por aí”, reflete.
Nas redes
Até por enfrentar problemas com o partido e não possuir material para a rua, a campanha de Cida Vieira mira o público das redes sociais. Em agosto, ela publicou seu jingle oficial, feito por um funkeiro e que conta com uma letra que faz claras referências ao mundo da prostituição.

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