quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Facebook apaga foto de garoto com deformidade

O norueguês Embret Henock Haldammen sofre de uma anomalia linfática que altera a estrutura da face. Seu retrato foi banido da rede social, que afirmou que ele violava as políticas da companhia

ISABELLA CARRERA
22/09/2014 18h27 - Atualizado em 22/09/2014 21h40
O estudante de 16 anos da Noruega Embret Henock Haldammen colocou uma nova foto de perfil dia 17, depois que o Facebook removeu a sua imagem (Foto: Reprodução/Facebook)
Embret Henock Haldammen é um garoto de 16 anos que vive em Kristiansand, na Noruega. Na terça-feira passada, atualizou seu perfil do Facebook com um retrato dele, tirado na escola que frequenta. Instantes depois, a imagem foi deletada automaticamente pelo site e Embret recebeu uma mensagem, dizendo que “a foto de perfil viola as políticas” da rede social. Como ela não apresentava atos obscenos nem mensagens ofensivas, o estudante chegou à conclusão de que a censura ocorrera por causa das deformações no seu rosto, causadas por uma doença linfática, que ele possui desde o nascimento. O relatório enviado ao adolescente reclamava também de outra imagem, na qual ele aparecia ao lado do ex-primeiro ministro da Noruega Jens Stoltenberg – esta fora usada como perfil anteriormente, sem nenhuma queixa na época.
Após o ocorrido, um porta-voz da unidade escandinava do Facebook afirmou, segundo o site norueguês VG, que a medida resultou de uma denúncia de um usuário, salientando que, na verdade, o perfil do garoto não infringira nenhuma norma do sistema e que “às vezes [o reconhecimento das infrações] dá errado e, neste caso, a remoção da imagem foi incorreta”. Representantes da sede do Facebook nos Estados Unidos reforçaram a mensagem, afirmando: “A fotografia foi erroneamente removida por um dos membros da nossa equipe. Como processamos mais de um milhão de relatórios a cada semana, ocasionalmente cometemos um deslize. Nós nos desculpamos por qualquer inconveniente que possamos ter causado e já tomamos medidas para prevenir que isso aconteça novamente”.
O pai de Embret se posicionou em defesa do filho. “Estamos acostumados com pessoas apontando, olhando e rindo dele. Mas o fato de o Facebook agir como uma criança, em vez de uma empresa, é terrível.” Desde a controvérsia, o adolescente adicionou uma nova foto ao seu perfil, com a legenda “espero poder manter esta foto! Eu sou o que sou e pareço comigo, não com todo mundo”.
Esta não é a primeira vez que o Facebook se envolve em discussões sobre imagens pessoais que apagou. Em 2012, uma usuária publicou uma foto sua na banheira. O sistema confundiu seus cotovelos com seios e baniu a imagem do site, alegando que apresentava nudez.
A rede também serve de canal para apoiar pessoas que tiveram experiências negativas sobre suas imagens. No mês passado, foi plataforma para um debate sobre autoaceitação, quando uma mãe de cinco filhos canadense desabafoi por ter sido ridicularizada, durante um passeio na praia, por suas estrias na região abdominal. Muitas pessoas curtiram o comentário de Tanis Jex-Blake.
Diversidade de corpos também entrou em debate quando, em maio deste ano, a blogueira Brooke Birmingham, que perdeu cerca de 80 quilos, foi impedida pela revista americana Shape de compartilhar uma foto de seu novo físico, em que ela aparecia com pele flácida da cirurgia plástica. Ela escreveu sua história em seu blog e compartilhou as imagens no Facebook. Recebeu muitos elogios.

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