sábado, 27 de setembro de 2014

Dilma nega que tenha defendido diálogo com Estado Islâmico

MARIANA HAUBERT
DE BRASÍLIA
26/09/2014  18h36

Presidente Dilma Rousseff fala durante Sessão de Abertura da Reunião do Clima na ONU, em Nova Yorkhttp://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/09/1523294-dilma-nega-que-tenha-defendido-dialogo-com-estado-islamico.shtml?cmpid="facefolha"
A presidente Dilma Rousseff negou nesta sexta-feira (26) que tenha defendido um diálogo com os integrantes do grupo radical Estado Islâmico em entrevista dada após a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos, na última quarta-feira (24). A presidente afirmou que seu discurso foi "integralmente distorcido" pela imprensa.
Em sua fala, Dilma disse que o melhor caminho para combater conflitos é a negociação e questionou a eficácia dos ataques dos Estados Unidos à Síria e ao Iraque contra o Estado Islâmico e contra ameaças terroristas.
23.set.2014/Timothy A. Clary/AFP
Presidente Dilma Rousseff fala durante Sessão de Abertura da Reunião do Clima na ONU, em Nova York
"Gente, vocês acreditam que bombardear o ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que mudou seu nome para Estado Islâmico] resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia", disse a jornalistas em Nova York na quarta.
Na terça-feira (23), Dilma havia condenado os ataques a posições do EI pela coalizão liderada pelos EUA, que contam com simpatia do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, embora não haja uma votação do Conselho de Segurança da entidade sobre o caso. Na quarta (24), a presidente colocou o caso sírio ao lado de situações em que há lados beligerantes reconhecidos, como em Israel e Ucrânia, quando criticou as intervenções militares como solução para conflitos. O EI, contudo, não é reconhecido como ator político para se negociar nem por quem condena os ataques liderados pelo Ocidente, como a Rússia.
Nesta sexta, em entrevista a blogueiros no Palácio da Alvorada, a presidente afirmou que o Conselho de Segurança da ONU desaprovou os bombardeios americano à Síria, mas aprovou uma resolução para punir mais severamente pessoas que recrutem outras em seus países de origem para atuar no grupo radical.
"Eleitoralmente, interessou a segmentos da imprensa e a alguns dos meus adversários confundir as duas coisas. Uma é que não há mandado legal para invadir ou bombardear a Síria e outra coisa é a resolução antiterrorista", disse.
Para Dilma, quem defende os bombardeios é "ingênuo" ou "desconhecedor da história". "O que eu falei foi que temos a clareza de que não adianta achar que é possível resolver os problemas de lá através de mecanismos de invasão. Acredito até que as potências, em geral, acreditam nisso. [...] Não é possível que alguém acredite que depois da invasão ao Iraque, da guerra na Síria, na Líbia, e após Israel, que os conflitos são resolvidos por invasão aérea. Tem de ser muito ingênuo ou desconhecedor da história dos últimos quatro ou cinco anos", completou.
Dilma se reuniu com oito blogueiros no Palácio da Alvorada: Miguel do Rosário (O Cafezinho), Renato Rovai (Revista Fórum), Paulo Moreira Leite (Brasil 247), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo), Conceição Oliveira (Maria Frô), Altamiro Borges (Blog do Miro), Conceição Lemes (Viomundo) e Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania).

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