quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Comandante geral da PM é mantido no cargo após prisões de oficiais

17/09/2014 11h07 - Atualizado em 17/09/2014 11h10

Secretário diz que se sente à vontade com o comando da corporação. 
Comandante afirma que não se sente traído por Fontenelle, preso segunda.

Henrique CoelhoDo G1 Rio
Beltrame e Castro chegam ao 20ºBPM (Mesquita) (Foto: Henrique Coelho/G1)Beltrame e Castro chegam ao 20ºBPM (Mesquita) (Foto: Henrique Coelho/G1)
Após denúncia de corrupção envolvendo 24 policiais militares, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou, na manhã desta quarta-feira (17) que o comandante geral da Polícia Militar, coronel Luís Claudio Castro, permanecerá no cargo. Nesta segunda-feira (15), a operação Amigos SA prendeu 24 PMs suspeitos de integrar uma quadrilha acusada de cobrar propina para "fazer vista grossa" às atividades ilegais praticadas na Zona Oeste do Rio.
O anúncio da permanência foi feito durante a cerimônia de apresentação de 50 viaturas e 200 Novos policiais para os municípios de Mesquita, Nova Iguaçu e Nilópolis, na Baixada Fluminense. O secretário de segurança José Mariano Beltrame afirmou que, mesmo com a operação que prendeu 24 policiais acusados de envolvimento em um esquema de propina, se sente à vontade com o comando da corporação.
"Se vocês olharem os índices de criminalidade, verão que os números estão bons, estamos no caminho certo. As investigações sobre a participação de policiais em crimes estão sendo feitas, e se tiverem algo de novo, faremos o que for necessário", limitou-se a dizer o secretário.
Já Castro, afirmou que se sente "confortável "para a função enquanto estiver nomeado. Ele descartou ainda se sentir "traído" por Fontenelle, suspeito de ser o comandante do esquema de propina que começou nos Batalhões de Bangu e Irajá, no subúrbio do Rio. Fontenelle foi chamado por Castro para assumir o cargo de Comandante de operações Especiais, em agosto de 2013.
"Até esta segunda-feira, o Coronel Fontenelle não tinha nenhuma notícia que manchasse a sua ficha, e por isso ele foi escolhido", disse Castro, antes de deixar o Batalhão de Mesquita, onde foi realizada a cerimônia.
Foram apresentadas 50 viaturas e 200 policiais para aumentar o efetivo do batalhão de Mesquita. Beltrame prometeu que haverá a construção do batalhão de Nova Iguaçu para 2015. Beltrame afirmou ainda que os 600 novos policiais e 150 viaturas para São Gonçalo, Mesquita e Duque de Caxias obedecem a um critério técnico.
"A mancha criminal é mais latente nessas áreas", explicou.
Operações Amigos S.A
Segundo as investigações da Secretaria de Segurança e do Ministério Público, vans e carros irregulares parados em blitzes eram liberados a pedido do grupo que foi preso. Entre ele está o coronel Alexandre Fontenelle, que ocupava o cargo de chefe do Comando de Operações Especiais (COE) da PM, que é o terceiro mais importante na hierarquia da PM.
Segundo nota do MP, as propinas exigidas pelo grupo variavam entre R$ 30 e R$ 2,6 mil e eram cobradas diária, semanal ou mensalmente, como garantia de não reprimir qualquer ação criminosa, seja a atuação de mototaxistas, motoristas de vans e kombis não autorizados, o transporte de cargas em situação irregular ou a venda de produtos piratas no comércio popular de Bangu.
Os agentes descobriram que os policiais chegaram a exigir de uma construtora R$ 1 mil por semana. Mas os PMs também aceitavam outras formas de pagamento como garrafas de refrigerante e latas de cerveja.
Na casa de Góes, foram encontrados R$ 287 mil, que, de acordo com o Ministério Público, seriam parte do que a quadrilha recebia em propinas. Também foi preso o mototaxista, José Ricardo de Jesus Oliveira, responsável por recolher propinas para a quadrilha e entregar no batalhão os valores cobrados pelos policiais militares.
De acordo com o promotor do Gaeco Cláudio Calo, Fontenelle, que já foi comandante do 41º BPM (Irajá), trouxe agentes de confiança, que faziam parte do esquema, quando foi transferido para chefiar o 14º BPM (Bangu). Os integrantes da quadrilha ocupavam posições importantes na hierarquia do batalhão, nas áreas de inteligência, policiamento ostensivo nas ruas e no Estado Maior.
Mudança no comando do COE
A assessoria da Polícia Militar informou nesta terça-feira que o  coronel Rogério Leitão vai assumir até a próxima sexta (19) o posto de comandante do Comando de Operações Especiais (COE), que é o terceiro mais importante na hierarquia da PM. Atualmente, o coronel Leitão está à frente do 1ª Comando de Policiamento de Área (CPA) e tem sob seu comando 12 batalhões da capital responsáveis pelos bairros das Zonas Norte, Sul e Centro.
A Secretaria de Segurança Pública não divulgou o valor total apreendido com os presos.

Nenhum comentário: