quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Unidades de saúde de MG se preparam para identificar portadores do Ebola

Pessoas vindas da África com sintomas da doença serão acompanhadas e podem até ser isoladas até que diagnóstico seja descartado

Sandra Kiefer -Estado de Minas
Publicação: 06/08/2014 06:00 Atualização: 06/08/2014 07:01


A missionária norte-americana Nancy Writebol chegou ontem a um hospital dos EUA após contrair o vírus na África Ocidental

Apesar de descartar casos de contaminação pelo vírus ebola no Brasil, as unidades de saúde de Minas Gerais já estão de sobreaviso para identificar pessoas vindas da África com febre alta ou que desenvolvam esses e outros sintomas no intervalo de 21 dias, período de incubação da doença. Se vier de Serra Leoa, Guiné, Libéria ou Nigéria, países com o maior número de casos, este paciente poderá ser isolado em hospitais de referência em infectologia no estado, até que o diagnóstico de ebola seja descartado.
Os procedimentos serão melhor detalhados em um plano de enfrentamento de casos suspeitos de infecção pelo vírus ebola, que será lançado a partir de amanhã pela Secretaria de Estado da Saúde. “Vamos comprar mais equipamentos de proteção individual e treinar nossas equipes para dar assistência a esses pacientes, já que não existe remédio para a doença”, afirma Tânia Marcial, médica infectologista e assessora da subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde.
Nos últimos 15 dias, a secretaria de Saúde de Minas lidou com três notificações de pacientes que chegaram da África com febre. Os três casos eram de malária em estágio avançado. Dois dos pacientes morreram. Um deles era nascido em Itaúna, no Centro-Oeste mineiro. Esteve na África para visitar um amigo que trabalha no Togo e voltou com malária. Chegou a ser internado no CTI, mas morreu no dia 31.


A outra paciente era natural de Gana, mas residia em BH. Esteve a passeio na Nigéria, um dos países que tiveram a contaminação sustentada do ebola confirmada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Foi diagnosticada com malária, que a levou a morte anteontem. “Para a nossa sorte, não era o ebola. Nossa principal suspeita vai continuar sendo a malária”, garante Tânia Marcial.

O terceiro caso é de um homem procedente do Congo, mas que mora em BH. Ele teria ido ao país africano de origem para visitar familiares e se contaminou por malária. Ao apresentar febre alta, buscou tratamento no Hospital Odilon Behrens, sendo transferido há três dias para o Hospital Eduardo de Menezes, referência em infectologia. Já está fora de perigo e passa bem de saúde.
VIAGENS Maria Tereza Oliveira, da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, recomenda adiar viagens a negócios ou a passeio para a África. “Se possível, é melhor evitar os países de maior risco. Pelo regulamento internacional, porém, não há proibição nem da vinda de pessoas de lá, nem da entrada de pessoas daqui provenientes daqueles países”, afirma. Ela explica que a contaminação pelo vírus ebola foi descoberta em 1967 no Zaire. “A doença não é nova. O que está assustando é que ela está migrando para outros lugares”, completa.
Voos cancelados para África
A British Airways informou que suspendeu temporariamente os voos com partida e chegada de Libéria e Serra Leoa até o final de agosto em razão da piora na epidemia de ebola nesses países. É a terceira companhia a tomar esse tipo de decisão: a Emirates suspendeu viagens para Guiné e a Arik Air, nigeriana, para Libéria e Serra Leoa. A decisão foi tomada "em razão da situação de saúde pública em deterioração nos dois países", afirmou a empresa. A companhia aérea tem quatro voos semanais saindo de Londres com escala em Freetown (capital de Serra Leoa) e terminando em Monróvia (capital da Libéria). A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que mais de 800 pessoas na Guiné, Serra Leoa e Libéria já morreram em razão do surto da doença.
AMERICANA A missionária norte-americana Nancy Writebol, de 59 anos, infectada com o vírus ebola na África Ocidental usava uma roupa branca de proteção foi levada ontem para um hospital de Atlanta, onde receberá tratamento, assim como o médico Kent Brantly, de 33, um outro agente humanitário dos EUA que contraiu a doença.
Nancy chegou aos EUA depois de ser transferida durante a noite da Libéria e será tratada por especialistas em doenças infecciosas do Hospital da Universidade de Emory. Ela ficará em uma ala de isolamento. Acredita-se que os dois sejam os primeiros pacientes com ebola já tratados nos Estados Unidos, e as autoridades de saúde disseram que o vírus não representa uma ameaça significativa para a população.

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