domingo, 3 de agosto de 2014

Soldado sequestrado pelo Hamas pode ter explodido a si mesmo e seus sequestradores? É o Protocolo Hannibal – melhor morto do que em cativeiro


02/08/2014
às 0:53 \ Cultura, Mundo, Oriente Médio



Hadar-Goldin-603x357O Jornal Nacional não informou na edição desta sexta, mas, de acordo com o Breitbart, o International Business Times e outros jornais e ex-oficiais israelenses, existe a possibilidade de que o segundo-tenente Hadar Goldin, aparentemente sequestrado pelo Hamas, tenha explodido a si mesmo e seus sequestradores com a própria granada, seguindo um protocolo do exército conhecido como Hannibal, cujo nome alude ao general cartaginês que se matou com veneno em vez de ser capturado pelos romanos.
Outra possibilidade é que as tropas das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) tenham disparado contra os sequestradores em fuga, de modo que tanto eles quanto Goldin teriam sido feridos ou mortos, embora nada disso tenha sido confirmado; e a declaração do Hamas de que todos estão mortos não significa muita coisa. Analistas israelenses sugeriram que, com base no protocolo, o IDF já teria mesmo bombardeado uma área do sul de Gaza para onde o rapaz de 23 anos teria sido levado. Havia um “grande incêndio na área onde os terroristas poderiam estar com Goldin”, segundo a correspondente militar da Rádio Israel, Carmella Menashe. O cenário exato ainda não está totalmente claro, mas se dá como certo que, a partir de agora, o Protocolo Hannibal será rigorosamente aplicado.
Baseado no medo de que qualquer israelense capturado seja usado como moeda, como aconteceu com o soldado Gilad Shalit, sequestrado em 2006 e preso por cinco anos antes de ser libertado em troca de 1.027 prisioneiros palestinos, o protocolo permite que os comandantes do IDF tomem as medidas necessárias para frustrar o sequestro de um soldado, mesmo que isto signifique pôr sua vida em perigo.
Também há receios de que o prisioneiro seja contrabandeado através da fronteira de Rafah com o Egito e transferido para um local desconhecido em qualquer lugar do mundo, reduzindo as chances de resgatá-lo.
“Em certos sentidos, com toda a dor que dizer isso implica, um soldado sequestrado, em contraste com um soldado que foi morto, é um problema nacional”, disse um ex-chefe do IDF, Shaul Mofaz, ao jornal israelense Yedioth Ahronoth.
“A mensagem é que nenhum soldado cairá em cativeiro, e é uma mensagem inequívoca”, dissera também o brigadeiro-general Motti Baruch ao Haaretz após a captura de Shalit oito anos atrás.
Este vídeo em espanhol da TV InfoLive resume as bases do protocolo:
No áudio de 2011 que traduzo abaixo, um comandante do IDF também orienta o Batalhão 51 durante a Operação Chumbo Fundido com as mesmas instruções:
“A arma estratégica, a ‘Arma do Dia do Julgamento’ que o Hamas quer adquirir, é capturar um soldado. Mas nenhum soldado no Batalhão 51 será sequestrado de maneira alguma.
De nenhuma maneira. Sob qualquer condição. Mesmo que isso signifique que ele se exploda com sua própria granada junto com aqueles que tentam capturá-lo. Mesmo que isto signifique, também, que agora sua unidade tem de dar uma chuva de tiros no carro em que eles estão tentando levá-lo. 
Não há outra situação. De modo algum eles vão ter esta arma.”
O coronel Lior Lotan, ex-chefe da equipe de negociação de reféns do IDF, disse que não se deve permitir que Goldin se torne um segundo caso Shalit.
“Essas são as horas douradas, o espaço em que o IDF está tentando conter a área e interceptar o plano dos sequestradores”, disse Lotan ao Times de Israel.
“Depois disso, o caso se transforma em uma operação especial de inteligência e pode impactar a situação estratégica na região.”
O pai de Hadar Goldin aguarda notícias
Goldin PaiA questão moral e religiosa
O judaísmo acredita firmemente que somos obrigados a resgatar um prisioneiro: “Você não deve ficar de braços cruzados diante do sangue de teu irmão” (Levítico 19:16). No entanto, segundo a análise do Breitbart, alguns sábios acreditam que, se o preço é muito alto, ele não deve ser pago, sob pena de pôr em perigo os outros e, no fim das contas, empobrecer toda a comunidade de judeus. Quando o rabino Meir ben Baruch, o Maharam de Rotenberg, foi capturado pelo rei local, seus seguidores reuniram uma soma exorbitante, mas ele lhes deu a ordem para não pagá-la. O rabino passou sete anos na prisão e morreu lá.
Esta decisão também foi altamente controversa, mas, se o preço é muito exorbitante e põe em perigo a própria comunidade, o que fazer então? Claramente, Gilad Shalit era digno de resgate, mas os terroristas libertados acabaram louvados como modelos e muitos voltaram a aterrorizar Israel. Alguns deles já foram recapturados desde que o Hamas, como de hábito, quebrou as regras acordadas em sua libertação.
Se o segundo-tenente Hadar Goldin está vivo, escreve o analista, os judeus israelenses já foram convidados a orar por ele. Se está morto, então o Hamas deve pagar por isso – e eles irão.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil
Siga no Facebook e no Twitter. Curta e acompanhe também a nova Fan Page.
IDF mortosPS: Major Benaya Sarel, de 26 anos, e sargento Liel Gidoni, de 20, foram mortos nesta sexta-feira pela manhã, no mesmo ataque que resultou no sequestro de Goldin. Você não verá as fotos dos dois na imprensa brasileira, então que elas fiquem registradas aqui. Eles morreram lutando pelo seu país contra um grupo terrorista ouvido até na TV como representantes de uma legítima democracia. Voltarei já a esse ponto.

Nenhum comentário: