Secretaria de Relações Institucionais nega ter feito perguntas para CPI

03/08/2014 18h59 - Atualizado em 03/08/2014 19h19

Segundo órgão da Presidência, servidor garantiu que não preparou questões.
Servidor da pasta é mencionado como autor em vídeo divulgado por revista.

Do G1, em Brasília

A Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República negou neste domingo (3) que tenha elaborado perguntas dirigidas por senadores a depoentes na CPI da Petrobras do Senado. Em nota divulgada à imprensa, a SRI também afirma que o servidor Paulo Argenta, lotado no órgão, garantiu que jamais "preparou questões que seriam realizadas durante os depoimentos na referida CPI".
A nota rebate reportagem publicada nesta semana pela revista "Veja" em que Argenta é citado como um dos autores de perguntas que, segundo publicação, teriam sido previamente repassadas ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, para que se preparasse para seu depoimento na CPI.
O nome do servidor é mencionado pelo chefe do escritório da estatal em Brasília, José Eduardo Barrocas, numa reunião, gravada em vídeo, com o advogado da empresa Bruno Ferreira e uma terceira pessoa não identificada, conversando sobre as perguntas que seriam formuladas, sobre quem as elaborou e sobre quem deveria recebê-las.

"Eu perguntei da onde, quem é o autor dessas perguntas, 80% é o Marcos Rogério [assessor da liderança do governo no Senado]. Ele é o responsável por isso aí. Ele disse que hoje que o Carlos Hetzel [assessor da liderança do PT no Senado] fez alguma coisa, o Paulo Argenta fez outras", diz Barrocas na gravação, publicada no site da revista.

A reportagem de "Veja" diz que o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli também teve acesso antecipado a um "gabarito" – documento com perguntas e respostas, que, segundo a revista, também teria sido repassado à atual presidente da Petrobras, Graça Foster.

A CPI foi aberta em maio no Senado para investigar as suspeitas de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, pela Petrobras, ao custo de US$ 1,3 bilhão, e as denúncias de que houve desvio de recursos na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

A revista "Veja" não identifica quais são as perguntas que foram antecipadas ou o conteúdo das respostas.
Neste sábado, procurada pelo G1, a SRI havia dito que não se manifestaria sobre o caso. A Petrobras afirmou que só vai se pronunciar sobre o caso após avaliar as informações publicadas na revista. A assessoria da liderança do PT no Senado disse que os assessores não vão se manifestar sobre a reportagem.

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PSDB
Após a publicação da reportagem, lideranças do PSDB disseram que vão acionar o Conselho de Ética e o Ministério Público para investigar o caso. A oposição sustenta que, se comprovada, a participação de servidor do Executivo na elaboração das perguntas pode configurar ato de improbidade administrativa.
Neste domingo, o presidente do PSDB e candidato à Presidência da República, Aécio Neves, disse que os envolvidos com a suposta fraude na CPI "brincam com a inteligência dos brasileiros".

Se confirmadas estas denúncias, nós estamos diante de uma grande farsa", declarou. Segundo ele, a suposta farsa "atenta contra o Senado, que tem como uma das suas funções primordiais fiscalizar". "Não pré-julgo ninguém, mas o que estamos vendo são servidores públicos colocados a favor de um projeto de poder", afirmou o presidenciável.