Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estrearam hoje na propaganda eleitoral...
Publicado no Estadão Noite.
Dilma
Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estrearam hoje na propaganda
eleitoral no rádio e na TV buscando um "lastro" para suas propostas. Em
seu programa de mais de onze minutos, exibido no começo da tarde na
televisão, Dilma colou sua gestão na de Lula e apresentou um depoimento
no qual o ex-presidente defende a sua reeleição. "Por isso, quero falar a
você que está em dúvida se deve votar ou não na Dilma: vote sem nenhum
receio", disse Lula.
No programa do começo da tarde, Aécio
não citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que diz ser figura
central em sua campanha. Nas inserções de 15 segundos na TV, falou em
Deus. Numa entrevista ensaiada, de perguntas e respostas curtas, uma
apresentadora pergunta a Aécio: "Um caminho?". Ele responde: "Ética e
eficiência e uma inabalável crença em Deus".
O programa do
PT admite o clima de mudança no País e tenta apresentar Dilma como a que
pode promover "muito mais futuro e muito mais mudança". O baixo
crescimento do País é colocado na conta da crise financeira
internacional. "Como não vivemos numa ilha, a crise também nos afetou e
reduziu um pouco nosso ritmo de crescimento", disse a presidente.
Lula
e Dilma mandam um recado para os críticos do governo, que têm
engrossado o coro por mudança. "Você plantou o que vai colher no segundo
mandato. E tem mais coisas a plantar", disse a petista. "O meu segundo
mandato foi melhor que o primeiro. Tenho certeza que com Dilma será
assim também", afirmou Lula.
Aécio tenta fixar em sua
campanha o carimbo da mudança. "Seja bem-vindo a um novo jeito de
governar", diz o slogan do programa. "A verdade é que hoje o Brasil está
pior do que estava há quatro anos atrás (sic). O fato é que algumas das
principais conquistas que nos trouxeram até aqui hoje estão em risco",
diz o tucano citando a inflação. "O problema é a forma como o Brasil vem
sendo governado", conclui Aécio, com uma música melancólica ao fundo.
Do
ponto de vista técnico, o programa de Dilma reedita fórmulas usadas por
João Santana: intercala entrevistas informais com o candidato, imagens
do "Brasil grande" e jingle emotivo, com boa fotografia. Tenta mostrar
Dilma como uma mulher comum, dona de casa, que cuida do jardim e
cozinha. Destaque para a foto do neto na mesa de trabalho no Alvorada.
Com mais de dez minutos, o programa vai perdendo o ritmo e fica
enfadonho no final.
O programa de Aécio, feito por Paulo
Vasconcelos, é convencional e sem emoção. A fala do tucano remete a um
político das antigas, com uma entonação forçada, de quem está falando de
cima de um palanque. Os olhos de Aécio percorrem a tela do TP
(teleprompter), o que é ruim, porque tira a naturalidade do discurso.
Fora que o candidato aparece com os lábios muito rosados e o rosto muito
branco, conseqüência da maquiagem.
O programa da Coligação
Unidos pelo Brasil, do PSB e da Rede Sustentabilidade, fez uma
homenagem a Eduardo Campos. Imagens do ex-governador em campanhas
passadas foram exibidas ao som de Anunciação, de Alceu Valença, fugindo
do tom fúnebre. Marina aparece como mera coadjuvante, nas imagens de
fundo. O programa conseguiu não ser excessivamente emotivo. Foi
respeitoso e elegante.
Lula, no programa de Dilma, e Aécio também fizeram elogios a Campos na TV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário