AFP
Um
visitante olha "O Neandertal Emplumado", uma criação do cientista
italiano Fabio Fogliazza, no Museu da Evolução Humana, na cidade
espanhola de Burgos, em 10 de junho de 2014.
Os
neandertais compartilharam o hábitat europeu com humanos modernos
durante cinco milênios até que desapareceram, há 40.000 anos, um período
suficiente de coabitação para que tenham ocorrido trocas culturais e
cruzamentos, afirmam cientistas.
Embora não haja provas de que os
dois grupos tenham convivido lado a lado, eles coexistiram entre 25 e
250 gerações, dependendo da região, segundo um estudo publicado pela
revista Nature nesta quarta-feira.
"Os resultados revelam uma
coincidência de 2.600 a 5.400 anos", escreveram os cientistas, que
recorreram a novas técnicas de datação aplicadas a 200 amostras de osso,
carvão e conchas em 40 sítios arqueológicos em toda a Europa, da
Espanha à Rússia.
"Este período é suficientemente longo para que exista interação e cruzamentos", indicaram os cientistas.
Nas
últimas tentativas para datar os últimos momentos dos nossos primos, a
equipe descobriu que os neandertais ("Homo neanderthalensis")
desapareceram em épocas diferentes em distintas partes da Europa, ao
invés de ser substituídos subitamente pelos humanos atuais ("Homo
sapiens").
As perguntas como, por que e quando os neandertais se
extinguiram, deixando espaço para os humanos atuais, fascinam há tempos
os cientistas. Alguns falam de um desaparecimento muito mais recente.
Os
humanos modernos se originaram na África e chegaram à Europa há 50.000
ou 30.000 anos. Ali, encontraram os neandertais. Sua breve interação fez
com que os seres humanos de raça não africana atualmente tenham entre
1,5% e 2,1% de DNA dos neandertais.
Segundo o novo estudo, fruto
de seis anos de trabalho, há 45 mil anos a Europa era habitada
principalmente por neandertais, com escassos grupos de humanos modernos.
Essa relação de quantidade se inverteu nos 5.000 anos seguintes até que os neandertais desapareceram, segundo a pesquisa.
Ao
invés de os humanos modernos terem substituído abruptamente seus primos
distantes, parece ter havido uma mudança progressiva, "caracterizada
por um mosaico cultural que sobreviveu milhares de anos", acrescentam.
Eles afirmam que o trabalho de datação feito é o mais preciso realizado até o momento sobre este período.
A datação com carbono radioativo com frequência é mais difícil em amostras de osso ou rocha anterior aos 25.000 anos.
"Datações
prévias usando carbono radioativo frequentemente subestimaram a idade
das amostras provenientes de sítios associados aos neandertais porque a
matéria orgânica estava contaminada com partículas modernas", disse o
diretor do estudo, Thomas Higham, da Universidade de Oxford.
O
estudo não chegou a nenhuma conclusão sobre se houve um ou vários
acontecimentos de cruzamento entre humanos modernos e neandertais.
"Logicamente,
os neandertais não se extinguiram por completo, visto que alguns de
seus genes persistem em muitos de nós hoje em dia", comentou Higham.
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