segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Farsa na CPI é problema do Congresso, diz Dilma

Eleições 2014

Presidente-candidata fez ato de campanha em horário de expediente nesta segunda-feira em São Paulo e esquivou-se do escândalo montado pelo seu governo e lideranças do PT no Congresso

Felipe Frazão - Veja
Presidente Dilma Rousseff em campanha na UBS Jardim Jacy, em Guarulhos (SP)
CAMPANHA DISFARÇADA – Em horário de expediente, presidente-candidata Dilma Rousseff visita UBS Jardim Jacy, em Guarulhos (SP) (Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA)
Numa agenda de campanha (disfarçada de agenda oficial) em São Paulo, a presidente-candidata Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que "o PSDB pode fazer a representação que quiser em Brasília" sobre a farsa montada pelo governo e pelo PT na CPI da Petrobras no Senado. Reportagem de VEJA desta semana revela que governistas engendraram esquema para treinar os principais depoentes à comissão de inquérito, repassando a eles previamente as perguntas que seriam feitas pelos senadores e indicando as respostas que deveriam ser dadas. 
A oposição anunciará nesta tarde ações cobrando investigações e punições aos responsáveis por fraudar os depoimentos à CPI tanto no âmbito do Congresso Nacional quanto representações à Procuradoria-Geral da República. A resposta de Dilma faz parte da estratégia traçada pela campanha petista e pelo Palácio do Planalto para tentar empurrar o caso para o Legislativo – apesar de a cúpula da Petrobras e um assessor da pasta de Relações Institucionais estarem diretamente envolvidos na farsa. "É uma questão que deve ser respondida pelo Congresso", esquivou-se Dilma.
Nesta segunda, a presidente-candidata visitou uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, que recebeu profissionais do Mais Médicos. A viagem foi preparada às pressas e chegou a aparecer nesta manhã na agenda oficial do Palácio do Planalto, mas foi retirada horas depois porque o evento ganhou ares de campanha – Dilma, no entanto, está em horário de expediente. A comitiva da presidente levou para as dependências da UBS Jardim Jacy uma equipe para registro de imagens de campanha para a propaganda na TV. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, também participou do ato.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo:
Já escrevi isto aqui algumas dezenas de vezes: é claro que o PT não inventou a corrupção e o malfeito na política. Já existiam antes dele; continuarão a existir depois. O partido inovou num aspecto: nunca antes na história deste país, como costuma dizer Lula, um partido tentou profissionalizar o crime político e fazer dele um método. Infelizmente, o PT trouxe essa novidade — e tomara que ela seja interrompida e não tenha continuadores. O que foi o mensalão? Cumpre lembrar: mais do que simples roubo de dinheiro público, mais do que peculato, mais do que corrupção ativa, mais do que corrupção passiva, mais do que formação de quadrilha, mais do que evasão de divisas, mais do que lavagem de dinheiro. O mensalão foi tudo isso para ser algo bem maior do que isso. Tratou-se de uma armação para criar um Congresso paralelo, movido pelo propinoduto, de sorte que o povo brasileiro tivesse solapado seu principal canal de expressão: o Poder Legislativo. Que passaria a se mover nas sombras. Esse, sim, foi o grande crime do mensalão. Mais do que o roubo, que já era muito grave, o que se viu foi o assalto ao estado de direito e ao Estado brasileiro.

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