domingo, 10 de agosto de 2014

Discursos de candidatos estão distante das reais preocupações dos brasileiros

Índice de eleitores que dizem votar em branco, ou que não sabem em que votar é alto. Entre os motivos do desinteresse, estão as propostas que não debatem a realidade apresentada pelas notícias sobre desempenho da economia e de outras áreas

Estado de Minas
Publicação: 10/08/2014 00:12 Atualização: 10/08/2014 08:21

Em ano atípico, com direito a Copa do Mundo no Brasil, em que todo mundo previa manifestações e protestos e acabou virando festa nas ruas – sem contar a decepção com o desempenho da Seleção Brasileira, com direito a goleadas históricas para a Alemanha e Holanda, as eleições ainda não empolgaram os brasileiros. Chama a atenção o alto índice de eleitores que dizem votar em branco ou nulo e os que ainda não sabem em quem votar.
Na disputa pelo governo de Minas, são mais de 44% de eleitores nessa posição. Na briga pela Presidência da República, que chama muito mais a atenção, a situação é um pouco mais consolidada, mas, mesmo assim, 24% dos eleitores vão anular ou deixar em branco ou ainda não decidiram em quem votar.
Se assim é o desinteresse nas eleições presidenciais e pelos governos estaduais, imagine então nas proporcionais, de deputados estaduais e federais. Não custa lembrar que são cinco votos nas urnas eletrônicas. Será que todos serão preenchidos?
Tudo isso é fruto de preocupações maiores da maioria dos brasileiros. Discursos políticos não conseguem competir com notícias como a de que a conta de luz deverá ter aumento de 30% no ano que vem e em alguns lugares, ainda este ano. No Pará, a paulada já está em vigor: 34%. Ou com as notícias revelando que jornalistas famosos têm seus perfis alterados na rede Wikipedia. E que essas alterações partiram de computadores do próprio Palácio do Planalto.
Os candidatos estão nas ruas correndo trechos, como eles gostam de dizer. Os eleitores, no entanto, estão em caminho inverso. Do trabalho, quando têm, para casa. E, se sobrar algum dinheirinho, direto para a poupança. Em tempos bicudos, é melhor economizar que gastar. Afinal, o seguro morreu de velho.
Perfil religioso
Mais alguns detalhes da chegada do senador Aureliano Chaves (PSDB-MG) ao Senado, depois de assumir, como suplente, a vaga do ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG), que renunciou para fazer tratamento de saúde nos Estados Unidos. No local do retrato de Clésio, Aureliano, muito religioso, colocou uma imagem de Jesus Cristo. A foto da presidente Dilma Rousseff o próprio Clésio já havia retirado, porque defendia candidatura própria do PMDB na briga pelo governo mineiro. Para o lugar, uma reprodução da Pietá, na verdade, Nossa Senhora da Piedade.
Decepção e torcida
O comando da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República já não esconde mais uma certa decepção com o desempenho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) nas pesquisas. Esperavam números melhores, especialmente no Nordeste. Além de torcer por uma recuperação de Campos, os tucanos praticamente montaram uma torcida organizada pelo Pastor Everaldo, do PSC, que tem espaço para crescer no eleitorado evangélico. Tudo isso de olho no segundo turno da eleição.
Pauta trancada
Se o governo não retirar o decreto que cria a Política Nacional de Participação Social do Congresso, avaliam experientes deputados, nem precisa convocar o esforço concentrado marcado para 2 e 3 de setembro. É que o PT faz obstrução ao decreto legislativo que derruba o da presidente Dilma Rousseff (PT) e nada mais seria votado. Para piorar, a medida provisória que flexibiliza o horário de veiculação da Hora do Brasil no rádio também estará trancando a pauta. E não há consenso. Tanto parte da base governista quanto parte da oposição se opõem à proposta.
Maldade tucana
O deputado Geraldo Thadeu (PSD) reclama do frio dos últimos dias. Em campanha para a reeleição, ele não pode perder oportunidade de participar de eventos em suas bases. “Fui a um show em Alfenas que entrou madrugada adentro. Devia estar uns quatro graus, ainda mais com a sensação de umidade.” Geraldo Thadeu, no entanto, não reclama só do frio. Ele se queixa também do fato de o PSDB ter lançado o deputado estadual Carlos Mosconi como candidato a federal. É que os dois têm a mesma base eleitoral. “Os tucanos me maltrataram.”
Dança da chuva
A paulada na tarifa da conta de luz no ano que vem já tinha sido prevista em reunião da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, que reuniu todos os segmentos do setor, menos o de petróleo. O governo federal, que já havia dado um empréstimo de R$ 11,5 bilhões para que distribuidoras conseguissem segurar o tranco até o fim do ano, foi obrigado a fazer um novo aporte de R$ 6 bilhões. Para piorar, com a estiagem, os reservatórios estão em 32% e podem chegar a 16% em novembro. Se o governo não fizer a dança da chuva, pode ser obrigado a criar uma espécie de Proer para as empresas de energia.
PINGA FOGO
Faltam 10 dias para o início da propaganda eleitoral em cadeia de rádio e televisão. Será que ela vai conseguir chamar a atenção dos eleitores e mudar o quadro atual de abstenção?
 No Rio de Janeiro, a briga entre os candidatos ao governo Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella, do PRB, é praticamente só sobre crenças religiosas. É briga evangélica.
Será que os dois candidatos ao Palácio das Laranjeiras não conhecem a máxima de que religião e política não se discutem? Ainda mais quando é feita em público e vai parar na imprensa.
 As últimas pesquisas têm animado a oposição, especialmente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), principalmente por causa de a possibilidade de um segundo turno estar cada vez mais real.
 E a Petrobras, hein? Além de jorrar óleo quente na campanha eleitoral, ainda tem queda brutal em seu lucro líquido. A maior empresa brasileira merece mais carinho e cuidado. Está muito maltratada.
 Não dá para deixar de comentar. Os formatos dos debates na televisão, que já começam, são um verdadeiro sonífero para quem se dispõe a ouvir as propostas dos candidatos. É uma chatice só!

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