A presidente Dilma Rousseff mostrou irritação e deu uma resposta confusa
ao falar sobre a interferência de assessores do Palácio do Planalto nos
trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada para
examinar negócios da Petrobras.
A Folha mostrou na quarta-feira (6) que Luiz Azevedo, número 2 do ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo com o Congresso, ajudou a elaborar o plano de trabalho da CPI.
Paulo Argenta, outro assessor da SRI, também atuou para evitar que a comissão saísse do controle do governo.
Questionada sobre o tema após sabatina na CNA, Dilma disse que o Planalto não é "expert em petróleo e gás".
A Folha mostrou na quarta-feira (6) que Luiz Azevedo, número 2 do ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Relações Institucionais), responsável pela articulação política do governo com o Congresso, ajudou a elaborar o plano de trabalho da CPI.
Paulo Argenta, outro assessor da SRI, também atuou para evitar que a comissão saísse do controle do governo.
Sabatina CNA
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Para ela, que foi presidente do Conselho de Administração da estatal,
não faria sentido integrantes do Planalto terem atuado, porque somente
pessoas do setor de petróleo ou da própria empresa teriam conhecimento
técnico para elaborar perguntas sobre os temas tratados pela comissão de
inquérito.
"Eu acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é um
expert em petróleo e gás. Expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu
queria saber se você podia me informar quem elabora perguntas sobre
petróleo e gás para a oposição também", disse Dilma, irritada.
Antes de deixar o local, voltou ao tema voluntariamente: "Não é o
Palácio do Planalto e nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das
perguntas de petróleo e gás, só tem um lugar no Brasil, eu diria. Não
diria um. Diria vários lugares no Brasil. A Petrobras e todas as
empresas de petróleo e gás".
A presidente afirmou que há "assimetria de informação entre nós mortais e
o setor de petróleo", que é "extremamente complexo tecnicamente e
oligopolizado". E encerrou dizendo achar "estarrecedor que seja
necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela".
O candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou que,
se confirmada a atuação de assessores do Planalto para blindar
depoentes na CPI da Petrobras, o governo Dilma terá cometido um "crime".
"As acusações extremamente graves apontam agora para a cozinha do
Planalto. É possível não saber o que se passa fora da sua casa, mas é
impossível desconhecer o que ocorre dentro da sua cozinha", disse Aécio.
Em nota, Luiz Azevedo, secretário-executivo da SRI, disse que não deve
"se omitir de participar dos debates com parlamentares, inclusive para a
formação do roteiro e da estratégia dos trabalhos".
Azevedo diz possuir "duas atribuições fundamentais" em relação à CPI:
ter "relação com a estatal, para que a mesma atenda de forma organizada
as demandas" da comissão e manter relação com os parlamentares
governistas.
"Atuo em ambas as frentes para que todos os esclarecimentos, dados e
fatos sejam prestados pela empresa, visando assegurar a qualidade das
informações, evitando, dessa forma, o uso político eleitoral da CPI",
afirmou.
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