segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Crise empurra indústria de Minas para mercado externo

25/08/2014 07:45 - Atualizado em 25/08/2014 07:45

Janaína Oliveira - Hoje em Dia

Eugênio Moraes/Hoje em Dia
Mineiras ampliam aposta no mercado externo
Forno de Minas deve exportar 12% da sua produção neste ano
Com o ritmo fraco que tem prevalecido no mercado interno, empresas mineiras voltam suas apostas para o exterior. O movimento ainda é pontual, mas evidencia o esforço de empresários do Estado para ganhar com as vendas lá fora. Setores industriais importantes em Minas, como automotivo e siderúrgico, já sinalizaram com o incremento nas exportações. E outros segmentos, a exemplo de alimentos e eletroeletrônicos, também trilham o mesmo caminho em busca de elevar a receita.
Fabricante de pão de queijo, a Forno de Minas exportou, no ano passado, 8% do total de sua produção. Neste ano, a meta é aumentar a participação das vendas externas em 50%. “Temos como ambição, para 2016, exportar 20% de toda a produção de pão de queijo. E sabemos que isso é possível”, diz a gerente de exportações da marca mineira, Gabriela Cioba.
Hoje, a mais típica entre as iguarias da culinária mineira, produzida na fábrica de Contagem, chega a países como Estados Unidos, Canadá, Portugal, Inglaterra, Chile e Uruguai. “Estamos prospectando outros mercados”, afirma ela. Para alcançar a mesa do estrangeiro, a Forno de Minas tem intensificado a participação em feiras e eventos mundo afora. Estudos para identificação do paladar, da cultura e dos hábitos alimentares de moradores de vários países também estão em curso. “É preciso conhecer onde há potencial de consumo. Na Itália, por exemplo, consome-se muito queijo e pão, o que nos é favorável. A ideia é fazer do pão de queijo conhecido assim como é hoje o croissant”, diz a gerente.
O esforço tem dado resultado. Há poucos dias, a marca fechou contrato e já prepara o embarque da primeira leva de produtos para os Emirados Árabes. Após participação em uma feira, a Forno de Minas também conquistou os chineses e atualmente está na fase de registro do alimento no país com a maior população do planeta.
Fabricante de dispositivos de proteção contra surtos elétricos, a Clamper Indústria e Comércio Ltda, localizada em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), também quer ampliar as exportações. A empresa fechou parceria com uma indústria mexicana do segmento para iniciar a venda de equipamentos fabricados em Minas para o país da América do Norte e em seus mercados consumidores como Estados Unidos e Canadá.
“Hoje já temos um escritório de comercialização no México. A intenção agora é fabricar alguns equipamentos no país. Se conseguirmos agregar valor lá, obtemos o certificado de origem. E com isso temos acesso livre, sem impostos, à zona do Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio ou North American Free Trade Agreement, em inglês) e da Aliança do Pacífico, além da Europa”, diz o presidente da Clamper, Ailton Ricaldoni. A expectativa, segundo o empresário, é começar a produzir em terras mexicanas no início de 2015. “O futuro parceiro já está testando os equipamentos. As expectativas para o negócio são as melhores”, revela Ricaldoni. l
Crise da Argentina exigiu novas prospecções
Para o consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, com a crescente preocupação com relação ao mercado interno, inicia-se um movimento das empresas mineiras para o fortalecimento ou retomada das exportações. “Mas ainda são esforços isolados, até porque o câmbio não está tão favorável”, avalia.
Além do desaquecimento da economia doméstica, diz Brito, muitos empresários foram pegos de surpresa com a crise na Argentina, quarto maior parceiro comercial de Minas.
“Os argentinos continuam sendo grandes compradores, mas as compras de Minas e do Brasil perderam força. Com o baque, algumas empresas passaram a prospectar outros mercados consumidores estrangeiros. Porém, as dificuldades não são poucas. Exportar não é varinha de condão”, diz.
Que o diga o setor calçadista. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva, as exportações, focadas na Argentina, começaram a encolher há três anos.
“Ainda vendemos para o exterior, mas em quantidade muito pequena para o tamanho do nosso polo”, diz.
Em 2013, as empresas de Nova Serrana fabricaram, juntas, 106 milhões de pares de calçados. Pouco mais de 2% desse montante foram para outros países.
“Com as vendas fracas por aqui, iniciamos estudos para fortalecer as exportações. Mas é um processo que leva tempo”, admite Silva. 

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