Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
No que depender dos partidos políticos, as campanhas eleitorais serão
mais caras em 2014, na comparação com o pleito de 2010. Segundo dados
divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a soma do limite de
gastos das campanhas de todos os candidatos já registrados na Justiça
Eleitoral será de R$ 73,9 bilhões. Há quatro anos, a soma dos tetos de
despesa foi de R$ 48,4 bilhões.
O montante equivale ao orçamento
de 2014 do Estado do Rio de Janeiro (R$ 75,9 bilhões), o terceiro maior
do país, atrás dos orçamentos da União e do Estado de São Paulo. O
dinheiro seria suficiente para organizar três Copas do Mundo, pois o
Mundial deste ano teve um custo total de R$ 25,8 bilhões, considerando
os gastos nas três esferas (União, Estados e municípios).
A
diferença é que a Copa do Mundo foi custeada, sobretudo, com dinheiro
público, enquanto as campanhas são bancadas majoritariamente por meio de
doações feitas por empresas.
O limite de gastos é o valor total que o candidato prevê arrecadar ao
longo da campanha. Até agora, o TSE divulgou informações de 25.381
candidatos. O número não é definitivo, mas representa quase a totalidade
das candidaturas.
Considerando as disputas para todos os cargos
(presidente, governador, senador, deputado federal e deputado
estadual), o limite médio de gastos com campanha é de R$ 2,9 milhões por
candidato. Em 2010, a média por candidato foi de R$ 2,1 milhões.
Descontada a inflação do período (27,4%, segundo o IPCA), as campanhas
ficaram, em média, 6,8% mais caras.
A campanha mais barata é a
de deputado estadual, com limite médio de gastos de R$ 2,4 milhões,
seguida da de deputado federal (R$ 3,6 milhões), deputado distrital (R$
5,4 milhões) e senador (R$ 5,6 milhões).
O gasto das campanhas
majoritárias é bem superior. Em média, uma campanha para governador tem o
limite de R$ 14,6 milhões. Para presidente, o valor sobe para R$ 83,4
milhões. As três campanhas mais caras do país são para a Presidência.
Dilma Rousseff (PT) prevê gastar até R$ 298 milhões; Aécio Neves (PSDB),
R$ 290 milhões; e Eduardo Campos (PSB), R$ 150 milhões.
DEM lidera gasto médio
Com 657 candidaturas já registradas, o DEM é o partido que prevê mais
gastos por candidato, com limite médio de R$ 7,7 milhões por campanha.
Na sequência aparecem PT do B (R$ 5,5 milhões), PSD (R$ 4,3 milhões),
PSDB (R$ 3,9 milhões), PMDB (R$ 3,8 milhões) e PT (R$ 3,8 milhões).
"A indicação de gastos de um candidato a deputado federal ou estadual é
iniciativa dele. Mas o limite de gastos não passa de estimativa, não é
definitivo", afirmou o senador Agripino Maia, presidente nacional do
DEM.
Quanto ao gasto total por partido, o PT, legenda com maior
número de candidatos (1.334), lidera com R$ 5,04 bilhões, seguido pelo
DEM (R$ 5,03 bilhões), PMDB (R$ 4,8 bilhões), PT do B (R$ 4,4 bilhões) e
PSDB (R$ 4,3 bilhões).
Corrida pelo dinheiro
Para
Mauro Macedo Campos, professor da Universidade Estadual do Norte
Fluminense (Uenf) e autor de um estudo sobre os custos do sistema
partidário no Brasil, o volume de recursos para campanha cresce a cada
eleição porque os pleitos tornaram-se mais competitivos.
"Os
custos das campanhas entraram em outro patamar a partir 2002, quando as
eleições ficaram mais competitivas. A lógica é: se meu adversário vai
gastar X, tenho que me antecipar e gastar mais do que ele. Quanto mais
gastar, mais chance de ser eleito", disse.
Campos explica que o
aumento do custo das campanhas gera um circulo vicioso porque inflaciona
cada vez mais os preços das peças publicitárias. Quanto às doações, de
acordo com o professor, não há critério ideológico.
"Não existe
preferencia em termos de ideologia. Elas doam sempre para quem tem
capacidade de ganhar. Qual é o propósito disso? É sempre aquela lógica
de se receber alguma compensação pela doação. Ou então é aquilo: eu doo e
você não mexe comigo; Até o senso comum sabe disso, mas não difícil de
comprovar na prática", afirmou.
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