Política
Governo teme que mau humor com a derrota para a Alemanha se espalhe para outros temas, como a economia, e tenha reflexo nas urnas, diz jornal
Presidente Dilma Rousseff levanta a Taça da Copa do Mundo
junto com o ex-jogador Cafu, no Palácio do Planalto em Brasília
(Roberto Stuckert Filho/PR)
Até agora, a presidente Dilma Rousseff vinha tirando proveito da onda de otimismo espalhada no país pela Copa do Mundo. Colou sua imagem à do sucesso do torneio até aqui – e não hesitou em usar o Mundial para atacar seus críticos, aos quais diversas vezes classificou como "pessimistas". O vexame da seleção brasileira
nesta terça-feira, contudo, deve provocar uma guinada na estratégia da
petista, que busca a reeleição. Reportagem desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo
informa que a equipe da presidente teme que o mau humor decorrente da
derrota por 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão contamine as expectativas
dos brasileiros sobre outros temas, como economia – a inflação oficial ultrapassou em doze meses o teto da meta do governo
–, e afetem a campanha de Dilma. Segundo o jornal, integrantes do
governo chegaram a citar a expressão "descolar da Copa" em discussões
sobre o jogo na noite desta terça.
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Logo após o jogo, Dilma procurou mostrar solidariedade à seleção. Em
sua conta no Twitter, escreveu: "Assim como todos os brasileiros, estou
muito, muito triste com a derrota. Sinto imensamente por todos nós,
torcedores, e pelos nossos jogadores". E prosseguiu: "Não vamos nos
deixar alquebrar. Brasil, 'levanta, sacode a poeira e dá a volta por
cima'".
Mas nos bastidores o clima passava longe do apoio. Segundo a Folha,
membros do governo passaram a defender, minutos após a goleada
histórica, uma mudança de rota na estratégia de associar Dilma aos
sucessos da Copa dentro e fora de campo. O plano da presidente de entregar a taça ao vencedor do torneio,
porém, está mantido por ora. O governo avaliava que uma derrota
brasileira para os alemães seria assimilada como natural. O que ninguém
no Planalto podia esperar era um placar tão humilhante. De acordo com o
jornal, conforme os gols da Alemanha saíam, a equipe da presidente
mudava seu discurso: da expectativa de assimilação da derrota para uma
genuína preocupação com o efeito do pesadelo.
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Além de descolar-se do Mundial, interlocutores da presidente avaliam
que o governo deve assumir a linha de defesa da Copa como evento. Para
evitar um fracasso duplo, a segurança nos estádios será reforçada – um
revés na organização do torneio na ultima semana do Mundial é
considerada como fatal para a imagem da presidente. O Planalto teme,
ainda, a volta, com força, das críticas aos gastos com a realização do
evento.
E o governo seguirá temeroso até sábado, quando a seleção brasileira disputará o terceiro lugar.
Se a Argentina perder nesta quarta para a Holanda no Itaquerão,
enfrentará o Brasil no Mané Garrincha. E uma eventual derrota brasileira
poderia ampliar o impacto da goleada desta terça.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo:
Qual é a última torcida que cabe à presidente? Por razões que o técnico argentino chamou nesta terça de “culturais” — ele se referia ao fato de que a imprensa de seu país comemorava o desastre brasileiro —, resta à nossa governanta torcer desde já para que seja a Holanda ou a Alemanha a vitoriosa. Ou lhe caberá a honra, depois de ter esconjurado os urubus, de entregar o troféu ao capitão da Seleção da Argentina.
Qual é a última torcida que cabe à presidente? Por razões que o técnico argentino chamou nesta terça de “culturais” — ele se referia ao fato de que a imprensa de seu país comemorava o desastre brasileiro —, resta à nossa governanta torcer desde já para que seja a Holanda ou a Alemanha a vitoriosa. Ou lhe caberá a honra, depois de ter esconjurado os urubus, de entregar o troféu ao capitão da Seleção da Argentina.
Eu não acho que a derrota da Seleção fará o eleitor votar dessa
ou daquela maneira. Não o subestimo assim. Isso não nega o fato de que o
PT tinha planos para tentar fazer da eventual vitória uma arma para
esmagar os adversários. Seria ineficaz porque, reitero, não é assim que
se dão as coisas. Mas o Brasil ficaria um pouquinho mais incivilizado,
matéria em que essa gente é craque.
É TOIS, DILMA!
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/dilma-avalia-descolar-se-da-copa-apos-vexame-da-selecao
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