Ditadura
Ex-agentes do regime se recusam a prestar esclarecimentos
Audiência. Um dos ouvidos na segunda-feira confirmou que a Casa Azul (Pará) era ponto de repressão
PUBLICADO EM 23/07/14 - 03h00- O Tempo
Brasília.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) decidiu recorrer à força policial
para conduzir militares da reserva, que atuaram na ditadura, e que estão
se recusando a comparecer para prestar depoimentos sobre violações de
direitos humanos naquele período. O grupo informou que o coronel
reformado Wilson Machado, que participou do atentado do Riocentro em
1981, tem se negado a comparecer à comissão e será um dos que será
levado de forma coercitiva.
Integrantes da comissão se reuniram com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e acertaram como se dará o
uso da Polícia Federal nesses casos. “Não nos move o espírito
persecutório, mas ficou evidente que há uma tentativa de frustrar o
espírito da lei. Caso do capitão (na época) Wilson Machado, que já foi
chamado e não vem. Ele já foi denunciado pelo Ministério Público. A lei
confere à comissão o direito de convocar e, se não comparecer, de usar o
poder coercitivo. O mandado é expedido pela comissão e a Polícia
Federal executa”, disse o coordenador da Comissão da Verdade, Pedro
Dallari.
O general reformado José Antônio Nogueira
Belham, acusado de envolvimento na morte do ex-deputado Rubens Paiva,
também pode ser levado a depor à força. Ele tem se recusado a comparecer
e alegou problemas de saúde. Belham deveria depor nesta semana em
Brasília, mas informou que está no Rio. Semana que vem, a comissão irá
colher depoimentos de 25 pessoas no Rio e tentará convocar o general
novamente. “Se ele não comparecer dessa vez, teremos que recorrer à
condução coercitiva. Mas esperamos não ter que usar”, disse Dallari.
Também integrante da comissão, o ex-ministro
da Justiça José Carlos Dias afirmou que ter que levar um militar para
depor à força é uma vergonha para as Forças Armadas. “Esses agentes
públicos podem até permanecer em silêncio, mas não se recusar a
comparecer. Seja coronel ou general, é obrigado a comparecer sob pena de
ir coercitivamente”, disse Dias.
Depoimentos
Sem novidade. Na
segunda-feira, a Comissão da Verdade colheu depoimento de três
ex-soldados que atuaram na guerrilha do Araguaia e de um ex-adido
militar no Chile, que pouco acrescentaram às investigações do colegiado.
EUA vão mandar mais documentos
Brasília. Integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniram-se nessa terça com a embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde, para pedir novos documentos sobre violações dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil.
Por determinação do presidente Barack Obama, o governo americano criou uma força-tarefa para identificar documentos produzidos entre 1964 e 1984 relacionados aos crimes relativos ao período de repressão militar no Brasil.
Brasília. Integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniram-se nessa terça com a embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde, para pedir novos documentos sobre violações dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil.
Por determinação do presidente Barack Obama, o governo americano criou uma força-tarefa para identificar documentos produzidos entre 1964 e 1984 relacionados aos crimes relativos ao período de repressão militar no Brasil.
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