sábado, 19 de julho de 2014

Pesquisa mostra volta a cenário pré-Copa do Mundo

19/07/2014 09:04 - Atualizado em 19/07/2014 09:04

Ana Luiza Faria, Amália Goular e Aline Louise - Hoje em Dia


Eugênio Moraes e Wesley Rodrigues/Hoje em Dia
política
Analistas apostam na realização do segundo turno e divergem com relação ao que os números apontam
A ressaca da Copa do Mundo e o desgaste do governo Dilma Rousseff (PT) explicam os números da pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta-feira, segundo analistas e cientistas políticos. O grande novidade do levantamento foi a situação de empate técnico entre a presidente (44%) e o senador tucano Aécio Neves (40%), em um eventual segundo turno, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais. “O que se vê é o fim da euforia com o mundial refletido nos números de avaliação do governo e intenção de voto”, avalia o professor de ciência política da Universidade da Califór-nia, Felipe Nunes.
Para ele, o cenário acirrado do segundo turno, com crescimento da oposição também no caso de Dilma enfrentar Eduardo Campos (45% a 38%), mostra a importância que os indecisos têm no primeiro turno. “No cenário com Dilma e Aécio, a maior parte dos indecisos do primeiro turno vai para Aécio no segundo. Portanto, a passagem de um turno para o outro pode significar para a população a viabilização de um projeto que não é muito acreditado neste momento, que é a viabilidade Aécio. Em um eventual segundo turno, ele capitaliza essa desconfiança em seu favor”, avalia.
Humor
Nunes considera que a Copa influenciou o humor do eleitor, mas de forma passageira. O que teria acontecido, na verdade, foi a volta ao cenário observado antes do evento, inclusive na piora da avaliação do governo federal e no aumento da rejeição à presidente. Isto, porém, não representa uma transferência automática da preferência para a oposição. “O grau de desconhecimento dos oposicionistas não nos permite dizer como as pessoas reagirão ao identificar cada candidato”, diz.
Para o cientista político Malco Camargos, da PUC Minas, o crescimento da oposição no segundo turno é “surpreendente” e é difícil explicar a variação que a pesquisa aponta de um turno para outro (no primeiro turno, Dilma lidera com 36%, Aécio tem 20% e Campos, 8%). “O índice de 100% de migração de um candidato para outro é um percentual altíssimo. Nunca vi isso acontecer em outras eleições”, analisa. “É possível que esse crescimento esteja refletindo a alta rejeição do governo Dilma”, completa. O professor da PUC também considera que a Copa não inteferirá nas eleições deste ano.
Camargos acredita que a campanha irá se consolidar, de fato, após o início da propaganda na TV e que, no momento, a discussão ainda está muito voltada para o passado. “Dilma fala de programas do governo federal e a oposição critica esses programas. Ninguém fala do futuro, mas é fundamental que se aborde como será a gestão”, afirma.
Na TV, A petista deve ter 11 minutos e 48 segundos contra os 4m31s de Aécio e 1m49s de Eduardo Campos.
 
Eleições
Petista aposta em reação e oposição comemora
Entre as lideranças políticas, os resultados do Datafolha ganham avaliações distintas. O presidente estadual do PT, deputado federal Odair Cunha, destaca que a presidente Dilma Rousseff se mantém na liderança e que o eleitor ainda está em um momento de observar os movimentos da campanha. “Não é possível nesse instante chegar a conclusão sobre nada. À medida que o programa (de Dilma) fique mais evidente e o cidadão comece a acompanhar o debate, Dilma irá melhorar ainda mais seu posicionamento”, afirma.
Para o presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana, a intenção de voto registrada pela pesquisa está dentro do que se esperava. “É uma alternativa real de poder, em condição de empate técnico, no segundo turno”, afirma. Ele comemora a consolidação do senador Aécio Neves em segundo lugar, com “perspectiva de sintonia com o desejo de mudança da sociedade”.
Confiança
“Eu não tenho dúvida nenhuma que terá segundo turno”, diz o presidente estadual do PSB, deputado federal Júlio Delgado. Para ele, Dilma acreditava que ganharia com a Copa e, agora, isso se virou contra ela. “Os números do segundo turno são expressivos. Demonstra que qualquer proposta de mudança se viabilizará”, avalia Delgado.
Para ele, a expectativa de crescimento baixo da economia, queda na geração de emprego, diminuição do ritmo da economia e expectativa da inflação estão na raiz do aumento da rejeição da presidente.
O candidato tucano, senador Aécio Neves, também atribui o resultado à piora da economia e comemorou os números, que mostrariam “um sentimento crescente de mudança”. Para o candidato do PSB, Eduardo Campos, a boa notícia foi a baixa rejeição ao seu nome. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, não comenta pesquisas.

Com agências

Nenhum comentário: