25/07/2014 - VEJA
às 20:32
Ai, que preguiça!
O
Santander enviou a clientes seus com renda superior a R$ 10 mil uma
análise que já se tornou carne de vaca na imprensa, nos mercados, nos
meios políticos, no Congresso, na rua, na chuva, na fazenda ou numa
casinha de sapé. A síntese do texto é a seguinte: se Dilma voltar a
subir nas pesquisas, haverá deterioração dos indicadores econômicos. E o
banco sugere a seus clientes que consultem o gerente para que este
sugira as melhores opções de investimento. O comunicado é este,
publicado pela Folha.
Retomo
Sabem o que eu tenho a lamentar aí? Apenas a língua portuguesa. Sugiro ao Santander que recomende ao redator da estrovenga um curso intensivo da “Inculta & Bela”, que, no caso acima, é pura sepultura e nenhum esplendor. É preciso de um pouco de boa vontade para entender o texto. Nem Dilma redigindo uma “composição” de próprio punho seria capaz de barbarizar tanto.
Sabem o que eu tenho a lamentar aí? Apenas a língua portuguesa. Sugiro ao Santander que recomende ao redator da estrovenga um curso intensivo da “Inculta & Bela”, que, no caso acima, é pura sepultura e nenhum esplendor. É preciso de um pouco de boa vontade para entender o texto. Nem Dilma redigindo uma “composição” de próprio punho seria capaz de barbarizar tanto.
Dito isso,
vamos ao que interessa. Os petistas e seus acólitos estão tentando
fazer escarcéu, acusando o banco de fazer campanha eleitoral ou sei lá o
quê. Como o comunicado chegou aos clientes com renda acima de R$ 10
mil, tenta-se transformar a avaliação numa espécie de conspiração dos
ricos. Chamar pessoas com renda de R$ 10 mil de “ricas” é demagogia.
O
Santander não falou nada que o mercado não esteja falando. O Santander
não falou nada que a imprensa não esteja falando. O Santander não falou
nada que os próprios petistas não estejam falando. Aliás, Lula já usou
essa questão para fazer proselitismo.
Um banco
também é um orientador de investimentos e tem o direito de fazer
avaliações a seus clientes, ora essa! Estão tentando fazer tempestade em
copo d’água. A pressão sobre o banco foi grande, e a instituição emitiu
a seguinte nota:
“O
Santander esclarece que adota critérios exclusivamente técnicos em
todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de
variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem
qualquer viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e
Seu Dinheiro’, no extrato mensal enviado aos clientes do segmento
Select, pode permitir interpretações que não são aderentes a essa
diretriz. A instituição pede desculpas aos seus clientes e acrescenta
que estão sendo tomadas as providências para assegurar que nenhum
comunicado dê margem a interpretações diversas dessa orientação.”
A redação
melhorou, apesar do “aderentes a essa diretriz”. O “esclarecimento” só
se fez necessário porque se criou uma falsa questão: o banco estaria
fazendo campanha eleitoral. É bobagem das grossas. Digam-me: se o
Santander tivesse anexado cópia de reportagens da Folha, da VEJA, do
Estadão do Globo com essa mesma informação, seria diferente? A
deterioração de indicadores econômicos quando aumentam as chances de
reeleição de Dilma é só pregação de antipetistas ou é um dado do mundo
dos fatos?
Ora… Essa
gritaria é só mais uma pecinha publicitária que busca criar a guerra
entre pobres e ricos, colocando, claro!, os bancos como os grandes
vilões, a serviço dos endinheirados. É mesmo, é? Tão logo se divulguem
os dados sobre doações eleitorais, vamos ver quanto cada um doou para
quem.
O presidente do PT, Rui Falcão, deixou claro que o PT pediu algumas cabeças. Leio na Folha:
“Já houve um pedido de desculpas formal enviada à Presidência. [...] A
informação que deram é que estão demitindo todo o setor que foi
responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão
procurando uma maneira resgatar o que fizeram”.Eis aí. Chegamos ao ponto em que afirmar que dois mais dois são quatro pode render cabeças se isso não for do agrado do partido oficial.
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-santander-e-a-falsa-guerra-entre-ricos-e-pobres-ou-banco-so-afirmou-o-que-todos-dizem/
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