23/7/2014 13:29
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
Em meio às altas pressões internas que dividem a campanha da petista
Dilma Rousseff entre aqueles que querem um embate franco e aberto contra
a mídia conservadora e as forças da direita no país, e o grupo que
prefere uma abordagem mais discreta aos ataques que a presidenta da
República sofre desde o primeiro dia do mandato que expira depois das
eleições de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva produziu um diamante. Lula
mudou o foco da discussão que ameaçava terminar em tiroteio, dentro das
próprias trincheiras, e mirou, nesta manhã, a gestão econômica do grupo
adversário, liderado por Aécio Neves (PSDB) e Fernando Henrique
Cardoso, ex-mandatário que, em oito anos, perdeu patrimônio de
credibilidade e prestígio junto ao eleitorado, a ponto de amargar três
derrotas eleitorais, seguidas.
Para reduzir o ruído provocado pelas divergências que marcam os
grupos do jornalista Franklin Martins e do marqueteiro João Santana,
Lula prestigiou o site Muda Mais – peça estratégica de
comunicação na campanha eleitoral – sob a coordenação do ex-ministro,
mas fortaleceu Santana, na outra ponta, ao reduzir a importância das
divergências entre seus homens de confiança e os assessores preferidos
pela presidenta Dilma.
– Inventaram uma divisão entre lulistas e dilmistas. Eu acho
fantástico. Eu seria o maior dilmista do Brasil e tenho certeza que a
Dilma não tem nenhuma razão para não ser lulista. De vez em quando, eu
fico lendo essas informações de que tem uma divisão, de que fulano
pertence a tal grupo, isso é de uma pequenez política, próprio de quem
fica sentado numa sala com ar-condicionado, analisando as coisas sem
conversar com as pessoas – disse Lula, na noite passada, referindo-se ao
artigo do seu ex-assessor de Imprensa, Ricardo Kotscho, um dos quadros
de maior prestígio no PT, que expõe a falta de entrosamento entre dois segmentos com pontos de vista distintos, politicamente, obrigados a conviver sob o mesmo teto na campanha presidencial.
Ao mudar o rumo da prosa, Lula sinalizou aos seus liderados que o
adversário não está escondido nos cômodos da base aliada, mas no perigo
neoliberal que, segundo as pesquisas promovidas por institutos de
pesquisa no país, começa a rosnar para a candidata petista. Nesta manhã,
a equipe do ex-presidente Lula levou a público esta orientação, em um
disparo certeiro no campo adversário, publicado na página de uma rede
social: “No Brasil, durante os 12 anos dos governos Lula e Dilma, a
inflação se manteve dentro da meta. Isso foi feito com aumento real de
salário mínimo, crescimento do mercado interno e uma taxa de desemprego
menor que muito países europeus”. Um link, na mensagem, aponta para uma
publicação do site Muda Mais, sob o título: “Inflação cai, mas nem todo mundo viu assim”.
O recado complementa a declaração que fez, diante de uma plateia
lotada no congresso de trabalhadores da indústria química, noite
passada, em Praia Grande, no litoral paulista.
– É muito fácil controlar a inflação demitindo trabalhadores e arrochando salários – disse Lula.
Na mesma rede social, Lula puxa o tapete do principal argumento que
seus adversários têm usado para sustentar a campanha do mineiro Neves, a
de que a rejeição de Dilma estaria muito alta e esse fato comprometeria
sua reeleição. Segundo Lula, Dilma irá superar a rejeição no curso da
campanha, com os programas de Santana, durante o horário eleitoral no
rádio e na TV, e convencer até mesmo o eleitorado paulista, junto ao
qual observa seu maior obstáculo, que são os altos índices de aprovação
do governador tucano, Geraldo Alckmin.
Enquanto arruma a casa, após a explosão da bomba petista nas redes
sociais, esta manhã, o ex-presidente FHC não foi à réplica. Mas tende a
retrucar, nas próximas horas, se permanecer a orientação de seus
assessores para elevar o tom no debate com o adversário petista. O líder
tucano não tem perdido uma oportunidade sequer de polemizar com o
antigo sucessor no Palácio do Planalto, para o qual, a contragosto da
extrema direita, passou a faixa presidencial. Essa mesma facção
política, à qual pertencem banqueiros e representantes do capitalismo
internacional, financia a campanha de Aécio e subsidia os esforços de
FHC para defender a volta de seus grupo ao poder, com nomes como o de
Armínio Fraga à frente da equipe econômica, e de José Gregori, atual
tesoureiro da campanha.
Fonte: http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/lula-controla-divergencias-no-pt-e-mostra-que-adversarios-sao-os-tucanos/718006/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20140724
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