sábado, 19 de julho de 2014

Empate técnico entre Aécio e Dilma no 2º turno causa alarde no PT

Partido dos trabalhadores está preocupado com a alta rejeição da presidente. Tucanos comemoram
Alessandra Mello, Étore Medeiros, Grasielle Castro e Naira Trindade - ESTADO DE MINAS
Publicação: 19/07/2014 06:00 Atualização: 19/07/2014 06:48
Brasília – O indicativo de empate técnico entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno da disputa à Presidência da República deixou os petistas preocupados. A um mês do início das inserções eleitorais na televisão e com apenas 4% de vantagem sobre Aécio Neves no hipotético embate, segundo pesquisa Datafolha divulgada anteontem, Dilma ainda amarga uma taxa de rejeição de 35% (veja quadro). A avaliação do PT é que, desde já, é preciso repensar as estratégias de campanha. Os tucanos comemoram o resultado e prometem uma campanha propositiva, mas sempre contando com a insatisfação com a presidente.
“A pesquisa confirma que teremos segundo turno . O conjunto da obra do atual governo, que falhou em todas as áreas, tem levado ao sentimento de insatisfação e cansaço que se reflete nas pesquisas. Cada vez mais percebo que o sentimento é de mudança”, afirmou Aécio, que se encontrou ontem, na Arquidiocese do Rio, com o arcebispo dom Orani Tempesta. Aécio disse que foi pedir “bênçãos” ao cardeal e classificou o encontro como “muito mais pessoal do que eleitoral”. “É hora de aprofundarmos a discussão das nossas propostas”, comemorou o tucano em um microblog.
“O fato de já merecer a confiança no segundo turno é um primeiro bom sinal pra gente”, comemora um integrante da equipe de campanha do tucano. O caminho para também crescer no primeiro turno, aposta, é uma campanha propositiva, que enalteça Aécio como alternativa a Dilma. Um indício de que o tempo de televisão tucano, ao menos a princípio, não será dedicado a ataques, são as equipes reforçadas que o marqueteiro Paulo Vasconcelos tem enviado para as viagens de Aécio. A ordem é ter imagens externas à exaustão do candidato. A exemplo do que aconteceu na internet, é muito provável que os vídeos com declarações da família Neves também sejam utilizados para a televisão.
Apesar do favoritismo de Dilma, Rui Tavares Maluf, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, vê a campanha da petista quase no limite. “Dilma continua a favorita, mas está em um patamar próximo ao desconfortável. A taxa de rejeição indica pessoas que dificilmente serão sensíveis ao apelo da campanha”. “A questão está um pouco fora da tevê e do rádio, e mais nos indicadores econômicos, que a população percebe no dia a dia, como a inflação”, avalia.
ALARDE Dentro do PT, o resultado da pesquisa causou alarde. Um petista fez a avaliação de que é preciso mudar a estratégia de campanha. “O programa nem começou e Aécio já tem 20% das intenções de voto. Ele ainda é desconhecido. E a rejeição de Dilma está alta. O cenário que se desenha é muito delicado”, diz. A preocupação, segundo ele, aumenta conforme o segundo turno se projeta. “Tem de ver quem vai apoiar quem e trabalhar para que não haja uma debandada de partidos aliados depois de uma derrota no primeiro turno. Diferentemente do pleito passado, há uma tendência de ascensão e não de queda, como tinha o Serra”, avaliou.
Estrategicamente, a equipe por detrás da campanha eleitoral do candidato Eduardo Campos (PSB) ainda não pretende alterar os rumos dos trabalhos. “A pesquisa não mudou nada no cenário dele (Eduardo). O que vamos fazer é continuar com a campanha nas ruas, instalando os comitês regionais”, afirmou o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira. Eduardo vai investir em comitês próximos à população para sair do anonimato. Em campanha em São Paulo, ontem, ele justificou ainda ser “desconhecido”.  “Historicamente, no Brasil, terceira via para valer só houve em 1989, com o Brizola quase passando para o segundo turno. Se Campos poderia ser a terceira via? É difícil, já que ele e Marina (Silva) foram governo por muito tempo”, avalia Maluf.
MAIS MÉDICOS Dilma conversou com internautas ontem no Facebook sobre o programa Mais Médicos – vitrine da campanha e alvo de críticas da oposição – e aproveitou para alfinetar São Paulo, administrado pelo tucano Geraldo Alckmin. “O estado mais rico do país foi também aquele que mais demandou médicos (do programa), 2.187 para ser exata”, disse a presidente, que defendeu a presença de cubanos na iniciativa. Na quarta-feira, Aécio criticou o fato de os profissionais do país caribenho que trabalham no programa receberem cerca de R$ 2,8 mil, enquanto os demais médicos ganham R$ 10 mil por mês.
Mais tarde, pela mesma rede social, Aécio afirmou que Dilma “mentiu” ao criticá-lo. “A candidata mentiu ao dizer que eu sou contra o Mais Médicos. Para que não haja dúvidas: não vou acabar com o Mais Médicos, vou aprimorá-lo”, rebateu, lamentando “que o resultado das pesquisas eleitorais afete tanto o equilíbrio da candidata que tem a responsabilidade de dirigir o país”. O presidenciável do PSDB promete rever a regra para que todos tenham o mesmo salário. “Vamos rever esse acordo (entre o governo federal e Cuba)”, prometeu.
Candidatos de Minas buscam  votos no interior
Isabella Souto e Leonardo Augusto
Os candidatos ao governo de Minas Pimenta da Veiga (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) fizeram campanha ontem pelo interior do estado, onde falaram sobre economia regional e segurança pública, respectivamente. No Sul, Pimenta prometeu dinamizar o desenvolvimento da região e investir na cafeicultura – uma das bases históricas da economia local – e setores de tecnologia e aviário. “O Sul de Minas tem condições estratégicas impressionantes e é dever do governo do estado criar condições para um grande desenvolvimento econômico”, afirmou o tucano, que fez uma caminhada em Nepomuceno e teve encontro com lideranças políticas e comunitárias.
Embora a política do café no Brasil seja tratada no âmbito do governo federal, Pimenta da Veiga afirmou que o assunto deve ser discutido em todos os níveis de poder e que pretende ampliar o fundo voltado para o setor, além de estabelecer meios de apoio técnico e financeiro ao produtor mineiro. “Mas a grande questão do café é a exportação. Por isso, tem um peso do governo federal muito grande”, ponderou o candidato a governador, ao lado do ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), que disputa vaga no Senado.
Questionado sobre projeto de lei complementar que cria a Região Metropolitana do Sul de Minas, com sede em Pouso Alegre, Pimenta da Veiga afirmou quem é um debate “importante” e que deve ser feito com “rigor técnico”. A proposta, que tramita na Assembleia Legislativa, foi apresentada pelo deputado Adalclever Lopes (PMDB) em junho do ano passado e engloba, além de Pouso Alegre, Borda Mata, Congonhal, Estiva e Santa Rita do Sapucaí. O texto está na Comissão de Constituição e Justiça e aguarda parecer.
PM DESFALCADA Durante campanha em Juiz de Fora, na Zona da Mata, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, afirmou que a Polícia Militar de Minas Gerais tem contingente inferior ao necessário no estado. O candidato lembrou que segurança pública é responsabilidade do governador e afirmou que o setor é ainda mal equipado e despreparado para o combate à criminalidade. “O dado que tenho é que saíram do contingente cerca de 300 ou 350 policiais militares de 2012 para cá, e não foram repostos. Em Minas Gerais o número fixado em lei é de 51 mil. Hoje, temos 43 mil na ativa. Nem recompor o efetivo o estado não está fazendo”, acusou o petista.
Para Pimentel, o governo de Minas quer passar para frente as ações que precisa tomar em relação ao setor. “Segurança pública é responsabilidade do governador do estado. Ele não pode transferir para o governo federal e nem transferir para os municípios”, afirmou. O candidato do PT prometeu, se eleito, recompor o efetivo da Polícia Militar no estado.
Em outra crítica aos governos tucanos em Minas, Pimentel classificou de ineficiente o programa Poupança Jovem, que repassa dinheiro a alunos com boas notas. “Tem que ser levado a mais municípios. (O governo) Não pode ficar na televisão e no rádio dizendo que faz um programa que na verdade não fez. O Poupança Jovem mal chega a meia dúzia de municípios”, disse o candidato ao Palácio da Liberdade.
REUNIÕES O candidato do PSB, Tarcísio Delgado, passou o dia ontem em reuniões com coordenadores para discutir estratégias da campanha. À noite, participou da festa de aniversário da sua candidata a vice, Sílvia Reis. Neste fim de semana, ele vai pedir votos em Juiz de Fora, cidade que comandou por três mandatos.

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