quinta-feira, 17 de julho de 2014

Comandante de Batalhão da PM é alvo de denúncias de perseguição a policiais

Betim

Comissão de Direitos Humanos da ALMG pede esclarecimentos à Polícia Militar; cabo da corporação teria se suicidado devido à pressão

GERAL - BETIM - MG.
Discussão aconteceu ontem na Assembleia Legislativa do Estado
PUBLICADO EM 17/07/14 - 03h00
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou requerimento pedindo o afastamento do tenente-coronel Jair Antônio Pontes Neto, comandante do 33º Batalhão de Polícia Militar (PM) de Betim, na região metropolitana, em audiência pública realizada nessa quarta na sede da Casa. O pedido foi feito após a comissão receber denúncias de que policiais militares lotados na cidade – principalmente os que têm tirado licença médica – estariam sendo vítimas de violação de direitos humanos. O comandante está no cargo há pouco mais de quatro meses.
“Recebemos vários relatos de que o comandante estaria perseguindo policiais. Inclusive, mensagens emitidas por ele aos comandantes de companhia, solicitando os nomes dos policiais que mais tiram licença médica para que sejam transferidos. Com isso, a escala foi mudada, e o remanejamento prejudicou os policiais, que foram rebaixados”, afirmou o autor do requerimento, deputado Sargento Rodrigues (PDT). “Além disso, há várias outras denúncias de perseguição e assédio moral. Por isso, solicitei o afastamento do comandante para que todas sejam apuradas e que ele tenha preservado seu direito de ampla defesa”.
A audiência contou com a presença de Débora Júlia de Carvalho, viúva do cabo Cristian Pablo da Silva, que cometeu suicídio no último dia 3. De acordo com ela, o marido fazia tratamento psiquiátrico havia um ano e meio e usava medicamento controlado. “Entretanto, nos últimos meses, ele abandonou o tratamento porque ficava com medo da pressão do comando, que poderia transferi-lo para outros locais, longe da família”, disse.
Suicídio. Segundo Débora, o cabo dizia que não iria mais às consultas porque não poderia mais pegar licença. “Até pode haver policiais que enrolam para conseguir licença, mas não meu marido. Como ele não aguentou a pressão, acabou se matando com a arma da polícia”, afirmou.
A comissão da ALMG aprovou também requerimento para a apuração das denúncias de violações dos direitos humanos de policiais do 33º Batalhão da PM e da morte do cabo Cristian Pablo da Silva.
Resposta
Gestão. O comandante do 33ª Batalhão da PM afirmou que o remanejamento dos policiais era feito para melhor gerir os recursos humanos. “O objetivo era fazer com que o policial que estivesse com problemas de saúde não se sentisse sem função e passasse a trabalhar em uma rotina menos desgastante”, disse. Segundo ele, as mudanças incluíam redução de carga horária, exclusão de trabalho noturno e aumento de folgas nos fins de semana.
Morte. Quanto ao caso do cabo que se matou, o comandante disse que cumpriu todas as ordens médicas. “Sentimos muito pela morte”. O comando geral da Polícia Militar informou que vai se pronunciar quando for notificado oficialmente sobre os requerimentos.

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