26/07/2014 15:58 - Atualizado em 26/07/2014 15:58
Um informe distribuído pelo banco Santander nos extratos de julho para
clientes de renda acima de R$ 10 mil mensais apontava para o risco de
deterioração da economia, com queda da bolsa, alta de juros e
desvalorização cambial, caso a presidente Dilma Rousseff se
estabilizasse na liderança das pesquisas de intenção de voto. O
comunicado incomodou integrantes da campanha à reeleição e levou a
instituição financeira a se retratar publicamente.
No mercado financeiro, tem sido comum entre os analistas do setor
financeiro a previsão de um cenário pessimista para a economia caso a
presidente seja reeleita, mas é a primeira vez que um banco expõe essa
avaliação a seus clientes. A cada divulgação de eleitoral, as reações
nos mercados tendem a ser inversas às intenções de voto da presidente:
quando Dilma sobe, os índices como o da Bovespa tendem a cair, e
vice-versa.
"Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um
cenário de reversão pode surgir", diz o texto revelado ontem pelo site
UOL e enviado a clientes da categoria Select (0,18% da carteira, segundo
o banco). "O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam
alta e o índice da Bovespa cairia (...) Esse último cenário estaria
mais de acordo com a deterioração de nossos fundamentos
macroeconômicos."
O Santander pediu desculpas públicas, mas parte dos gerentes nas
agências Select mantinha ontem a análise de piora no cenário econômico
em caso de reeleição do governo. Um deles, ao conversar com a reportagem
como se estivesse falando com uma cliente - e por esse motivo, não será
identificado - corroborou o teor do informe incluído nos extratos, mas
ressalvou que o banco não pode declarar voto ou se manifestar por esse
ou aquele partido.
Há 12 anos
Não foi a primeira vez que o Santander - banco espanhol que tem sua
maior operação mundial no Brasil, onde lucrou em 2013 quase R$ 6 bilhões
-, se colocou em saia justa política no País. Em 2002, um analista com
base em Nova York recomendou que os investidores vendessem títulos
brasileiros. Naquele ano, o então candidato petista Luiz Inácio Lula da
Silva tinha perspectivas reais de chegar ao Planalto.
Após as eleições, o presidente mundial do banco, Emílio Botin, se
reuniu com Lula e saiu do encontro se mostrando otimista com o País e
declarando que o analista que fez a recomendação tinha sido demitido. As
informações são do jornal O Estado de São Paulo.
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