Elio Gaspari
Quem viu a final do vôlei masculino das Olimpíadas de Londres há de
se lembrar. O Brasil ganhara dois sets e faltava só fechar um ponto para
levar o ouro, quando o técnico russo botou Dmitry Muserskiy (2,1
metros) na quadra. Resultado: a Rússia fez o ponto, levou os dois sets
seguintes e ficou com o ouro. Se o PT achar que a reeleição de Dilma
corre perigo, deixará Lula no banco para agradar a seus adversários?
Tudo ficaria melhor se Lula saísse como candidato a presidente. Por cinco razões:
1) Porque é maior de idade e está no exercício de seus direitos políticos.
2) Porque o “Volta Lula” vem enfraquecendo o governo do poste que ele ajudou a botar no Planalto.
3)
Porque uma parte do desgaste que está corroendo a doutora Dilma é dele e
foi-lhe jogado no colo. Afinal, o mensalão e as petrorroubalheiras
nasceram na sua administração.
4) Porque a outra parte do desgaste da doutora está associada ao mito da gerentona, criado por ele. Afinal, é a “Mãe do PAC”.
5)
Porque a transformação do PT num aparelho arrecadador de fundos teve o
seu permanente beneplácito, tanto durante os oito anos em que esteve na
Presidência, como depois. O deputado André Vargas não é um ponto fora da
curva, mas uma luzinha dentro da estrela vermelha.
As urnas
decidirão se o PT deve receber um novo mandato presidencial. Quatro anos
de Dilma mostraram que o poder é mais do partido do que do ocupante do
Planalto. Isso não deriva de qualquer malignidade intrínseca do
comissariado, mas do fato que ele é o único partido organizado do país.
Se os outros não se organizaram e o máximo que fazem é combinar
jantares, o problema é deles. Vitorioso, o PT terá 16 anos ininterruptos
de poder. Isso jamais aconteceu na História brasileira e não fará
diferença se esse mandato for exercido por Lula ou Dilma. Pelo
contrário, para o bem ou para o mal, ele representa melhor a estrela que
fundou do que ela, uma convertida tardia.
A entrada de Lula na
disputa daria maior clareza à escolha. Se ele é um político prestigiado,
com 37% dos entrevistados pelo Datafolha dispostos a votar em quem
tiver seu apoio, torcer para que fique no banco de reservas é uma
ilusão.
Chegou-se a abril e os dois candidatos da oposição
produziram apenas listas de celebridades e palavrório. Sabe-se mais das
diferenças entre os prováveis candidatos republicanos para a eleição
americana de 2016 do que das plataformas de Aécio Neves e Eduardo
Campos.
Há pouco a Câmara aprovou uma medida provisória com
centenas de contrabandos. Entre eles, mais uma estia para sonegadores de
impostos e um mimo para os planos de saúde que não cumprem os contratos
que vendem aos clientes. Isso só foi conseguido por um acordo de
lideranças parlamentares, com o apoio das bancadas oposicionistas.
Nas
três últimas eleições presidenciais os candidatos tucanos escondiam
Fernando Henrique Cardoso, sem explicar por quê. Agora, Aécio Neves e
Eduardo Campos escondem que fazem oposição a Lula. Talvez acreditem que
só devem falar claro às vésperas da eleição, seguindo protocolos
estabelecidos pelos marqueteiros. Nas eleições anteriores fizeram isso
e, derrotados, procuraram culpar essa nova modalidade de astrólogos.
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