segunda-feira, 21 de abril de 2014

Roupa no Brasil é 21,5% mais cara do que nos Estados Unidos

Vestuário

Empresários reclamam de carga tributária de 40%, do dólar alto e da concorrência chinesa

COLECAO OUTONO / INVERNO - SHOPPING CIDADE
Custo. Roupas chegam às vitrines com um custo altíssimo; país tem apostado em produção menor
PUBLICADO EM 20/04/14 - 03h00
A roupa no Brasil é cara. O que o consumidor percebe olhando vitrines, a varejista Zara mensurou em uma pesquisa com seus próprios produtos realizada em 22 dos 87 países onde atua. Em média, os preços brasileiros são 21,5% superiores aos praticados nos Estados Unidos e são também maiores do que os dos outros 21 países pesquisados.
A notícia é ainda pior porque o levantamento feito exclusivamente com roupas da marca pode ser estendido a todo o setor do vestuário. “É caro mesmo, por causa do ‘custo Brasil’. Em primeiro lugar, é o câmbio que eleva o preço. O câmbio subvalorizado aumenta o nosso custo em dólar. Em seguida, vem a parte tributária, que é um absurdo, pesadíssima”, diz o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário em Minas Gerais (Sindivest), Michel Aburachid.
No caso da Zara, a pesquisa mostra que há diferenças exorbitantes. Um mesmo vestido é vendido por US$ 79 nos Estados Unidos, por US$ 55,1 na Espanha, onde fica a matriz da rede, e US$ 171,6 no Brasil. Neste caso, o preço brasileiro é 117% maior do que o praticado nas lojas norte-americanas e 211% superior ao preço espanhol.
Em nota, a Zara explicou que “estabelece seus preços de maneira independente para cada mercado, mantendo sempre o mesmo posicionamento comercial”. Mercado, níveis de preço e custos são avaliados nessa política.
De acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), a carga tributária do setor gira em torno de 40%, considerando toda a cadeia, da produção do fio ao consumidor final. O peso é maior do que a já pesada carga tributária brasileira, que é, em média, 36,42% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Para reduzir o custo, o setor está iniciando a importação de matéria-prima. “Estamos tentando importar a mesma matéria-prima usada na China”, diz o presidente da entidade, Roberto Chadad.
Para driblar a concorrência asiática, o setor do vestuário no Brasil tem apostado em produção menor, mas com qualidade maior, diz Chadad. O presidente do Sindivest, Michel Aburachid, afirma que a indústria nacional vem se concentrando em segmentos como moda íntima, infantil, praia, festa e uniformes profissionais. “No segmento de moda casual, a China faz um estrago enorme, não conseguimos competir”, afirma.
Outono-inverno. A coleção outono-inverno, que chegou às lojas no último mês, teve aumento de preços em relação ao praticado nas estação fria do ano passado, pelo menos nos produtos básicos. “Se você olhar uma calça jeans, por exemplo, o aumento foi de 5% ou 6%”, afirma Michel Aburachid.
 
Números

40% é a carga tributária média do setor da indústria à loja
5% ao ano é o crescimento do faturamento do setor em MG
180 mil empregos diretos são gerados pelo setor no Estado
5.500 confecções funcionam atualmente em Minas Gerais

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