Vestuário
Empresários reclamam de carga tributária de 40%, do dólar alto e da concorrência chinesa
Custo. Roupas chegam às vitrines com um custo altíssimo; país tem apostado em produção menor
PUBLICADO EM 20/04/14 - 03h00
A roupa no Brasil é cara. O que o consumidor percebe olhando vitrines, a
varejista Zara mensurou em uma pesquisa com seus próprios produtos
realizada em 22 dos 87 países onde atua. Em média, os preços brasileiros
são 21,5% superiores aos praticados nos Estados Unidos e são também
maiores do que os dos outros 21 países pesquisados.
A notícia é ainda pior porque o levantamento feito exclusivamente com
roupas da marca pode ser estendido a todo o setor do vestuário. “É caro
mesmo, por causa do ‘custo Brasil’. Em primeiro lugar, é o câmbio que
eleva o preço. O câmbio subvalorizado aumenta o nosso custo em dólar. Em
seguida, vem a parte tributária, que é um absurdo, pesadíssima”, diz o
presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário em Minas Gerais
(Sindivest), Michel Aburachid.
No caso da Zara, a pesquisa mostra que há diferenças exorbitantes. Um
mesmo vestido é vendido por US$ 79 nos Estados Unidos, por US$ 55,1 na
Espanha, onde fica a matriz da rede, e US$ 171,6 no Brasil. Neste caso, o
preço brasileiro é 117% maior do que o praticado nas lojas
norte-americanas e 211% superior ao preço espanhol.
Em nota, a Zara explicou que “estabelece seus preços de maneira
independente para cada mercado, mantendo sempre o mesmo posicionamento
comercial”. Mercado, níveis de preço e custos são avaliados nessa
política.
De acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), a carga
tributária do setor gira em torno de 40%, considerando toda a cadeia, da
produção do fio ao consumidor final. O peso é maior do que a já pesada
carga tributária brasileira, que é, em média, 36,42% do Produto Interno
Bruto (PIB), de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento
Tributário (IBPT). Para reduzir o custo, o setor está iniciando a
importação de matéria-prima. “Estamos tentando importar a mesma
matéria-prima usada na China”, diz o presidente da entidade, Roberto
Chadad.
Para driblar a concorrência asiática, o setor do vestuário no Brasil
tem apostado em produção menor, mas com qualidade maior, diz Chadad. O
presidente do Sindivest, Michel Aburachid, afirma que a indústria
nacional vem se concentrando em segmentos como moda íntima, infantil,
praia, festa e uniformes profissionais. “No segmento de moda casual, a
China faz um estrago enorme, não conseguimos competir”, afirma.
Outono-inverno. A coleção
outono-inverno, que chegou às lojas no último mês, teve aumento de
preços em relação ao praticado nas estação fria do ano passado, pelo
menos nos produtos básicos. “Se você olhar uma calça jeans, por exemplo,
o aumento foi de 5% ou 6%”, afirma Michel Aburachid.
Números
40% é a carga tributária média do setor da indústria à loja
40% é a carga tributária média do setor da indústria à loja
5% ao ano é o crescimento do faturamento do setor em MG
180 mil empregos diretos são gerados pelo setor no Estado
5.500 confecções funcionam atualmente em Minas Gerais
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