terça-feira, 22 de abril de 2014

PT gasta R$ 400 mil em 'camping digital' para ensinar militantes como agir na internet



Imagem: Reprodução / Redes Sociais
No último sábado, o ponto de partida do discurso em que Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, criticou a gestão de Geraldo Alckmin não foi o ensino, a segurança ou a saúde pública.

Desta vez, Padilha começou a falar à militância petista com a página inicial do site do governo do Estado em uma projeção. "Se um jovem entrar no site e quiser descobrir como se inscrever em uma faculdade paulista, não vai conseguir e vai desistir."


A escolha tem razão de ser, já que a fala ocorreu no Camping Digital, organizado pelo partido a fim de orientar seus seguidores a como se portar na web nas eleições.

Durante o feriado de Páscoa, militantes acamparam em um clube na zona rural de São José dos Campos (a 97 km da capital) e assistiram a palestras e debates. Entre quinta e domingo, a Folha esteve acampada em meio a eles.

As principais conclusões são que os petistas têm dificuldade de difundir seu discurso nas redes sociais a quem não é simpatizante do partido e que a oposição é mais bem articulada. "Este é o novo espaço de disputa", defendeu Tiago Pimentel, um dos palestrantes. "E a direita percebeu isso antes de nós."

Para quebrar a rejeição que enfrentam na internet, principalmente no Facebook e no Twitter, os petistas devem adotar a linguagem do "meme", imagens de fácil compreensão e na maioria das vezes de cunho humorístico, em detrimento do discurso de "panfleto" – descrito por palestrantes como "textos longos e chatos que ninguém lê".

"Se a gente faz uma piada de política que envolve o Michael Jackson, por exemplo, atingimos não só a pessoa que gosta de política, mas também a que gosta de Michael Jackson", exemplificou Cleyton Boson, coordenador de mídias sociais da Prefeitura de Guarulhos.

Em relação às possíveis investidas endereçadas ao PT, Emídio de Souza, presidente do partido no Estado e coordenador de campanha de Padilha, deu o recado: "Não deixem ataque sem defesa".

Apesar disso, ele aproveitou para rebater reportagens que trataram o evento como uma forma de a sigla recrutar um exército para as redes sociais. "Para defender Padilha, Dilma ou Lula, não precisamos treinar ninguém. Aqui todo mundo é escolado."

ANONIMATO

O rastreamento da NSA, agência de segurança dos EUA, é motivo suficiente para se usar técnicas que dificultam a identificação na web. Foi com essa justificativa que várias mesas versaram sobre como tentar driblar métodos utilizados por sites para traçar o perfil do usuário.

As técnicas ensinadas, porém, também podem ser usadas para dificultar possíveis investigações sobre responsáveis por ofensas na rede.
Outro assunto foi o Marco Civil da Internet, que Dilma Rousseff espera apresentar como exemplo de lei no NetMundial, evento de governança da internet que ocorre nesta semana em São Paulo.

Para isso, o Senado precisa votar o projeto até quarta, dia da abertura do evento. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto, foi recebido como estrela no Camping Digital. "Espero que a oposição não seja mesquinha", disse, sobre a votação.

Alexandre Aragão
Folha de S. Paulo
Editado por Folha Política

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