Oposição
PUBLICADO EM 21/04/14 - 03h00
O aumento da inflação, a economia em baixo crescimento, a crise no
setor energético brasileiro e o alto índice de rejeição à classe
política prometem embaralhar a disputa presidencial deste ano.
Cientistas políticos analisam que a eleição majoritária de 2014 será a
mais imprevisível do Brasil, desde o fim da ditadura militar. A
presidente Dilma Rousseff (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto
seguida à distância pelo senador tucano Aécio Neves e pelo ex-governador
Eduardo Campos, do PSB, mas o cenário é complexo. As intenções de voto e
a popularidade de Dilma estão em queda.
Segundo o sociólogo e cientista político Rudá Ricci, o país vive uma
situação inusitada, em que tudo pode acontecer nos próximos meses, pois a
queda na popularidade de Dilma não está beneficiando diretamente a
oposição. “A transferência de votos para os candidatos Aécio Neves e
Eduardo Campos não está acontecendo. Há uma rejeição à classe política
brasileira, o que pode aumentar o nível histórico dos votos brancos,
nulos e abstenções. Esse índice pode chegar a cerca de 30%, bem maior
que os 20% registrados em eleições anteriores”, analisa.
Rudá Ricci afirmou que se o Brasil sair vitorioso na organização da
Copa do Mundo e também na competição, a euforia poderá abalar o discurso
crítico no país, beneficiando a candidatura da presidente. Por outro
lado, se o Brasil perde a Copa, as manifestações populares podem ganhar
força e contaminar as eleições.
O sociólogo acredita que haverá alterações na aliança entre o
ex-governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva, que poderá
assumir a cabeça da chapa. “A pressão para essa mudança será imensa até
20 dias antes do pleito, data limite permitida pela Justiça Eleitoral.
Se isso acontecer, o PT vai usar o seu maior trunfo para ganhar as
eleições, ou seja, alterar também seu candidato, colocando no lugar de
Dilma o ex-presidente Lula.”
Já o professor de ciência política da UFMG Manoel Santos acredita que
os dois candidatos de oposição, Aécio Neves e Eduardo Campos, devem
subir de forma significativa nas próximas pesquisas de intenção de voto,
embolando a disputa presidencial. “Dilma Rousseff tem uma inabilidade
política tremenda, não consegue se entender com a base aliada no
Congresso Nacional nem com os próprios militantes do PT. Já os
candidatos de oposição estão atentos à gestão pública, fizeram bons
governos em seus Estados e possuem DNA político”, comenta.
“Os jovens brasileiros que participaram das manifestações de 2013
poderão voltar para as ruas durante a Copa do Mundo, o que pode abalar a
candidatura da presidente Dilma”. Essa análise é do professor de
ciência política da PUC-Minas Gilberto Damasceno. Ele diz que os
candidatos à Presidência não sabem lidar com essa juventude que ocupa as
ruas.
Comparativo
As pesquisas de intenção de voto 05 a 9 de abril de 2010 Sensus – Dilma Rousseff com 34% e José Serra com 36,8%
15 a 16 de abril 2010 - Datafolha – Dilma Rousseff com 29% e José Serra com 40%
13 a 18 de abril 2010 - Ibope – Dilma Rousseff com 32% e José Serra com 40%
6 a 8 de abril de 2014 - Vox Populi – Dilma Rousseff com 40%, Aécio Neves com 16% e Eduardo Campos 8%
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