segunda-feira, 3 de junho de 2013

Shoppings não sabem onde vão achar 10 mil trabalhadores

Comércio

Quatro grandes empreendimentos vão abrir as portas e apagão de mão de obra é a maior ameaça


Shopping Contagem abre em novembro, mas já recebe currículos
PUBLICADO EM 03/06/13 - 3h0
Shopping Contagem abre em novembro, mas já recebe currículos Até o fim deste ano, quatro centros de compras serão inaugurados na região metropolitana de Belo Horizonte: Metropolitan Garden, Monte Carmo, shopping Contagem e shopping Venda Nova. Juntos, eles vão abrir no mercado 10 mil empregos diretos e lançar o seguinte desafio: com todos abrindo quase que simultaneamente, onde os lojistas vão achar tanta gente para trabalhar, num momento em que falta mão de obra? Para se ter uma ideia, só no setor de supermercados, o déficit chega a 4.000 vagas no Estado.
De acordo com o gerente de desenvolvimento da BRMalls, que administrará o shopping Contagem, Rodrigo Studart, a solução é se antecipar. O empreendimento só abrirá as portas em novembro, mas já está com um link “Trabalhe conosco” no site e também está recebendo currículos no estande de suporte ao lojista, montado no canteiro de obras, no bairro Cabral. “Serão 2.000 empregos, entre administração e lojas, que já estão se preparando para capacitar a mão de obra. O ideal é contratar, no mínimo, dois meses antes da inauguração, para dar tempo de treinar as equipes”, destaca Studart.
O economista da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriel de Andrade Ivo, afirma que o desafio vai além de preencher postos. “É um problema estrutural, de educação. Um pilar que o governo tem que atacar de vez para formar mão de obra qualificada, e isso não se resolve em curto prazo”, afirma.
Na avaliação do professor de ciências econômicas da Newton Paiva Leonardo Bastos, para vencer esse desafio, o varejo vai ter que pagar caro. “Falta mão de obra qualificada, e o comércio terá duas saídas: ou investe em capacitação ou importa funcionários de outros Estados, e tudo isso implica em aumento de custos”, destaca.
Concorrência. Além de investir, o lojista vai ter que brigar com a concorrência para conseguir ocupar seus postos antes das inaugurações. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci, lembra que, além do apagão de mão de obra, o varejo tem que concorrer com o crescimento do setor de serviços. Só de hotéis, a previsão é de 43 inaugurações na capital até o ano que vem.

“Tem que investir em capacitação, mas também em planos de carreira, para remunerar melhor e reter os talentos”, destaca o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luís Augusto Ildefonso.

Pagar salários maiores é a estratégia encontrada pelo franqueado de O Boticário, Marco Aurélio Figueiró. “A alternativa é manter uma remuneração acima da dos demais e dar benefícios”, destaca o empresário, que vai inaugurar uma loja no shopping Contagem e já está recrutando uma gerente. “O empresário paga por uma falta de estrutura do governo. É uma falha estrutural de 30 anos atrás, e a solução tem que começar já”, afirma o professor Leonardo Bastos. 

À distância

Programa prevê salas de aula para formar vendedores

A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) vai lançar um programa de capacitação à distância para formar mão de obra para o setor, uma espécie de clube de vendedores. “Os shoppings vão disponibilizar uma sala para as aulas, que serão ministradas à distância, mas sempre com a presença de um interlocutor para dissolver as dúvidas”, anuncia o diretor de relações institucionais da associação, Luís Augusto Ildefonso.
Os módulos serão de 22 a 66 dias. A ideia é dar aulas de duas horas, fora do horário de trabalho. “Hoje, quando anunciamos a abertura de uma loja, forma-se uma fila, mas são poucos os candidatos que podemos usar, por falta de preparo. Essa é a realidade do Brasil”, diz Ildefonso.
Segundo ele, o governo federal tem um projeto para criar cursos técnicos voltados para o comércio. “O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) tem uma proposta para desenvolver capacitação em parceria com instituições do comércio como CDLs, federações e Senac. Mas parece que não é priorizado”, observa. “Investir em qualificação é importante, mas também tem que investir em plano de carreira, pois hoje, com poucos reais a mais, o concorrente rouba o bom funcionário que o lojista custou a encontrar”, destacou. (QA)

Nenhum comentário: