A aceleração dos índices que medem a inflação no Brasil, no primeiro trimestre deste ano, provocada principalmente pelos preços dos alimentos, perdeu fôlego em maio. É o que se percebe por dois índices divulgados na sexta-feira (7) passada pelo IBGE.
O IPCA, índice oficial de inflação e referência do sistema de metas do governo, subiu 0,37%. Em abril, a alta tinha sido de 0,55%. O INPC, que mede a alta do custo de vida para famílias que ganham até cinco salários mínimos, ficou em de 0,35% em maio, contra 0,59% em abril.
O destaque da Imprensa, porém, foi que a inflação dos últimos 12 meses ficou em 6,5%, exatamente no teto da meta anual fixada pela autoridade monetária. Em março, havia estourado esse teto, ao chegar a 6,59%, provocando a volta da elevação da taxa básica de juros, em abril e maio.
Não foi essa elevação dos juros, defendida por economistas ligados ao mercado financeiro, a responsável pela desaceleração da inflação. O Banco Central, ao tomar a decisão naquele momento, tinha em vista menos a inflação e mais a dificuldade de colocar no mercado títulos públicos pré-fixados de prazo mais longo, mantendo a taxa Selic nos níveis de março.
O BC está atento também à deterioração das contas externas brasileiras. Por isso, o Banco Central eliminou o Imposto sobre Operações Financeiras em operações de prazo mais longo para facilitar o ingresso de capitais externos. Se tiver êxito, a taxa Selic pode permanecer em 8% ao ano, sem prejudicar o crescimento do PIB, com chances de controle do processo de deterioração das contas externas. Não é fácil, mas é possível.
A inflação parece ter perdido força, para desaponto dos opositores ao governo Dilma Rousseff, que ainda esperam que o Produto Interno Bruto possa se manter como ‘pibinho’ até outubro de 2014.
Dos nove grupos que compõem o IPCA, nenhum chegou a 1% de aumento em maio e um deles, o dos transportes, apresentou retração de 0,25% frente a abril.
O grupo formado pela alimentação e pelas bebidas, que tanto alarde provocou nos primeiros meses do ano, teve alta de apenas 0,31%. Nos cinco meses deste ano, a alta acumulada no preço dos alimentos é de 5,98% e, em 12 meses, de 13,53%. Com a safra recorde e mais oferta de alimentos, a tendência é de queda. Como, de resto, já era previsto pelo governo e sabido pelos que trombeteavam a volta do ‘dragão da inflação’ que tanto estrago fez ao Brasil a partir de 1980, até ser nocauteado pelo Plano Real.