sábado, 29 de junho de 2013

Onda de manifestações fecha Praça 7 por 81 horas

29/06/2013 08:59 - Atualizado em 29/06/2013 08:59

Renato Fonseca - Hoje em dia


Samuel Costa/Hoje em Dia
Onda de manifestações fecha Praça 7 por 81 horas
Praça 7: jovens jogaram bola em um dos locais mais improváveis da capital mineira
De dia, mochilas eram dispostas no chão, como se fossem as traves do gol em uma improvisada pelada. Pipas sobrevoavam a região, papel picado era jogado do alto dos prédios e a multidão, em coro, bradava suas reivindicações. À noite, o verde-amarelo virava cinza, com estampidos de bombas, corre-corre e depredação.
Ponto de encontro durante a onda de protestos em Belo Horizonte, o entorno do imponente Pirulito, na Praça 7, no cruzamento das avenidas Afonso Pena com Amazonas, parou. Pela primeira vez na história da capital, o principal corredor viário do Centro ficou 81 horas com as vias completamente interrompidas, o equivalente a pouco mais de três dias.
Desde o dia 17, jovens, adultos e até crianças, portando apitos, bandeiras e cartazes, fecham as vias de acesso, impedindo o tráfego dos mais de 91 mil veículos que circulam diariamente pela região. A manifestação, em sua maioria pacífica, causou vários transtornos.
Vendas em baixa
Só no comércio, o prejuízo estimado com a queda nas vendas foi de R$ 68,4 milhões, conforme cálculo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Isso sem levar em conta as depredações provocadas por vândalos. Somadas as perdas contabilizadas na avenida Antônio Carlos, a conta chega a R$ 84 milhões.
“Nosso sindicato apoia totalmente a manifestação pacífica, mas repudia as ações de vandalismo. Além de provocar perdas aos lojistas, atrapalham e prejudicam o movimento, que é muito válido”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de BH (Sindilojas), Paulo Cançado.
Na sexta-feira Ontem, o governador Antonio Anastasia determinou à Secretaria de Fazenda e à Advocacia Geral do Estado que realizem, em caráter de urgência, estudos para avaliar a possibilidade de prorrogação dos prazos para recolhimento de impostos estaduais às empresas atingidas pelos atos de vandalismo na quarta-feira.
Taxistas reclamam
Quem passa de carro diariamente pelo hipercentro também reclamou muito, como o taxista José Aparecido Gonçalves, de 50 anos. “Todos têm o direito de protestar, mas foi um caos no trânsito. Pessoas perderam compromissos e nós, taxistas, tivemos muitos prejuízos”.
Para a BHTrans, o usuário do transporte coletivo foi o mais prejudicado. A empresa informou que quatro desvios padrão são adotados em casos como esse, evitando que os automóveis cheguem à Praça 7. Os pontos estão concentrados nas ruas Espírito Santos, Curitiba, Tamoios e Bahia. Quando isso ocorre, automaticamente, o sistema de monitoramento redefine o tempo dos semáforos.
Para o cientista político Luiz Ademir de Oliveira, a manifestação que tomou o hipercentro e outros espaços públicos tem aspectos extremamente positivos, independentemente dos transtornos. “Mostra que o cidadão brasileiro não se enquadra no estereótipo do indivíduo acomodado”.

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