Polêmica
Animal ficou no sol por quatro horas; necropsia apontou insolação
Na foto, major Machado, que nega falha e diz que há estrutura adequada
PUBLICADO EM 08/06/13 - 03h00
A morte de um cão dentro do canil da Polícia Militar de Minas Gerais
(PM), no bairro Saudade, na região Leste de Belo Horizonte, será tema de
análise da Comissão de Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do
Brasil em Minas Gerais (OAB/MG). No dia 24 de fevereiro, alguns dos 93
cachorros criados no local foram retirados dos canis para uma
dedetização. Após ser deixado sob o sol por mais de quatro horas, o
pastor alemão Nando, de 11 anos, acabou não resistindo e morreu.
O caso será encaminhado à comissão pelo deputado estadual Cabo Júlio,
que promete cobrar explicações sobre a morte do cão. Uma sindicância foi
aberta pela PM para apurar as causas da morte. Segundo a necropsia, o
animal morreu em decorrência de uma insolação.
“Esses cachorros ficaram acorrentados ao sol por muitas horas, sem
vasilhame para água. Esse acabou morrendo de insolação e desidratação.
Isso mostra uma falta de planejamento e de estrutura”, disse o deputado.
Denúncia. De acordo com um militar que trabalha no
canil, e que pediu para não ter o nome revelado, a morte expôs mesmo a
falta de estrutura para alguns procedimentos. Ele contou que essa não
foi a primeira vez que um cachorro morreu por ficar exposto ao sol. No
ano passado, um outro pastor alemão foi vítima de insolação no local. O
policial denunciou a falta de material para que os cachorros sejam
retirados dos canis, como vasilhames para água e o colar de elo (usado
para amarrar os cães). No canil, também não existe uma área coberta que
seja adequada para abrigar os animais durante a dedetização.
“A gente sempre questiona isso com o comando do canil. Eles já tinham
consciência dessa situação”, afirmou o militar, ressaltando que os
cachorros ficam amarrados diretamente em correntes, com o risco de se
enforcar.
Outro lado.O comandante da Companhia de Policiamento
com Cães, major Enos Machado, diz que as denúncias são infundadas e que o
cão era idoso. “Ele já tinha outras doenças. Nós temos 93 cães e mais
de 130 vasilhames. Foi uma fatalidade”, disse.
O major admitiu que os animais são deixados sob o sol para a
dedetização, no campo de treinamento do canil, mas afirmou que todos
eles recebem água. “Fizemos a apuração desse fato e mandamos arquivar.
Não tem nenhuma questão de maus-tratos”.
Saiba mais
Apuração. Sindicância realizada pela PM identificou a falta de vasilhames e o uso de colares de elo, conforme denúncia de um policial. O documento não responsabiliza nenhum policial.
Procedimento. A dedetização acontece no canil há três anos, de 15 em 15 dias, para eliminar carrapatos e pulgas. O procedimento é considerado “muito necessário” pela polícia.
Apuração. Sindicância realizada pela PM identificou a falta de vasilhames e o uso de colares de elo, conforme denúncia de um policial. O documento não responsabiliza nenhum policial.
Procedimento. A dedetização acontece no canil há três anos, de 15 em 15 dias, para eliminar carrapatos e pulgas. O procedimento é considerado “muito necessário” pela polícia.
Ambientalista afirma que houve “negligência”
Mesmo que a exposição do cachorro Nando ao sol não tenha sido intencional, o ato caracteriza negligência. É o que afirma o ambientalista e membro do Núcleo Fauna de Defesa Animal Franklin Oliveira. Ele defende que o fato de o cão ser idoso e já apresentar problemas de saúde indica que ele necessitaria de mais cuidados.
“Existiu uma negligência, e isso também é mau-trato. A gente está vendo que o comando lá do canil não tem essa sensibilidade com os animais. Infelizmente, falta um pouco de cuidado”, reclamou.
Oliveira destaca que a Lei de Proteção Animal prevê punição para quem submete os animais a situações de angústia e dor. “Nesse caso, veio a morte. E de forma alguma isso é admissível. A população tem que saber que isso é mau-trato e, portanto, crime”.
Mesmo que a exposição do cachorro Nando ao sol não tenha sido intencional, o ato caracteriza negligência. É o que afirma o ambientalista e membro do Núcleo Fauna de Defesa Animal Franklin Oliveira. Ele defende que o fato de o cão ser idoso e já apresentar problemas de saúde indica que ele necessitaria de mais cuidados.
“Existiu uma negligência, e isso também é mau-trato. A gente está vendo que o comando lá do canil não tem essa sensibilidade com os animais. Infelizmente, falta um pouco de cuidado”, reclamou.
Oliveira destaca que a Lei de Proteção Animal prevê punição para quem submete os animais a situações de angústia e dor. “Nesse caso, veio a morte. E de forma alguma isso é admissível. A população tem que saber que isso é mau-trato e, portanto, crime”.
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