19/06/2013 10:57 - Atualizado em 19/06/2013 10:57
Marcos Vicente/Colaborador
Sede da Prefeitura de Belo Horizonte foi alvo de vândalos nessa terça-feira (19)
Gritos de mudanças e transformação ecoaram da Praça 7 em mais um dia
manifestação em Belo Horizonte, nesta terça-feira (18). No entanto, a
áreia central da capital mineira também foi palco de atos de vandalismo e
selvageria. A demora da ação da Polícia Militar foi questionada por
manifestantes, jornalistas e pedestres que passavam pelo local, assim
como a possibilidade de tais atos enfraquecerem o movimento e
gerarem antipatia da população. Por outro lado, a corporação justifica
que só agiu quando conseguiu distinguir vândalos dos protestantes.
Pelo menos nove pessoas foram presas durante o ato na noite de terça, conforme informou a Polícia Militar.
Pelo menos nove pessoas foram presas durante o ato na noite de terça, conforme informou a Polícia Militar.
Em um vídeo, um internauta identificado como Alexandre Mazus flagrou o
momento em que um grupo quebrava uma agência do banco do Itaú, na av.
Afonso Pena. As imagens mostravam ainda manifestantes reunidos no
obelisco observando à distância a ação violenta. “O pessoal do movimento
está aqui quieto, não estão fazendo nada disso” (sic), afirma o jovem.
Assista:
Mazus e vários outros internautas, através das redes sociais,
defenderam que as pessoas que promoveram o “quebra-quebra” na Praça 7
não eram do movimento. Muitos manifestantes levantaram a suspeita de que
havia gente infiltrada entre os protestantes, premeditando a ação
violenta. A preocupação do grupo, agora, é a de que esses atos
enfraqueçam o movimento.
Polícia esperou identificar baderneiros
Relatos de jornalistas e manifestantes contam que, por duas horas,
aproximadamente, a polícia não agiu enquanto um grupo depredava prédios
públicos e privados.
O coronel Antônio Carvalho, comandante do policiamento especializado
de Belo Horizonte, informou que a Polícia Militar esteve presente desde o
início da manifestação, quando a concentração ainda estava reunida na avenida Antônio Carlos.
O acompanhamento teria sido feito por vídeo-monitoramento. “Nós
estávamos posicionados em diversos pontos, quando identificamos os atos
violentos. Acionamos um reforço para o policiamento e só depois de
identificarmos os baderneiros dos manifestantes agimos”, afirmou.
Um outro vídeo do internauta Alexandre Mazus mostra um policial na
hora dos ataques explicando a dificuldade enfrentada pela corporação
para agir contra os vândalos. “[A polícia] não pode fazer uma
intervenção quando há pessoas inocentes no perímetro e o que nós
identificamos é que diversos pontos de ônibus estavam cheios de
pessoas”, relata o militar que não foi identificado.
“Ou a polícia bate ou ela some?”
Para Frederico Couto Marinho, sociólogo pesquisador do Centro de
Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), a polícia precisa saber atuar em
momentos complexos como os dessa terça-feira (18).
De acordo com o especialista, a corporação precisa agir tanto na
proteção e segurança dos manifestantes como na contenção e prisão de
arruaceiros. “O que é isso? Ou a polícia bate ou ela some? Estão agindo
com amadorismo, enquanto a população está sendo altamente profissional
ao reivindicar os seus direitos de forma organizada. Os crimes não podem
manchar o caráter dessas manifestações”, alerta.
Marinho criticou a postura adotada pela PM. “Ela tem que acompanhar o
movimento, reprimir 1% que comete crime e garantir a segurança dos 99%
das pessoas que protestam e querem segurança. Mas a polícia precisa
prestar o serviço dela e não sair atirando a esmo”, pontuou.
O pesquisador se referiu aos feridos por balas de borracha no protesto da segunda-feira (16). A Polícia Militar informou que vai apurar de quem partiu a ordem para que o recurso fosse adotado.
Marinho criticou ainda a postura da tenente-coronel Cláudia Romualdo,
chefe do Comando do Policiamento da Capital, que foi “encurralada” em
meio aos manifestantes e flagrada relatando o descumprimento de ordens
por policiais. “Ela é chefe de 7 mil homens não pode agir com essa
espontaneidade. Que amadorismo é esse? A polícia tinha que estar lá e
garantindo a segurança da população. O que foi que deu na polícia? Ficou
com medo?”, questionou.
Em conversa com a reportagem do Hoje em Dia, a
tenente-coronel Cláudia Romualdo, reforçou que a ação da polícia foi
estratégica. "Como os vândalos e criminosos estavam infiltrados no meio
dos manifestantes, não dava para agir sem identificá-los primeiro",
afirmou.
Membros do grupo que agiu com vandalismo encurralaram jornalistas no
prédio do Habbib's, na av. Afonso Pena. Os profissionais da imprensa
precisaram ser escoltados pela Polícia Militar e reclamaram da ausência
de policiais fardados no local. "A corporação agiu no momento em que
tinha condição de agir, sem comprometer a segurança das pessoas que
estavam indo e vindo e nem a dos manifestantes legítimos", afirmou.
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