quarta-feira, 12 de junho de 2013

A estratégia da BBOM e a concorrência com a Telexfree

Do Acerto de Contas
BBOM, a pirâmide do momento
Por Pierre Lucena - http://www.advivo.com.br/node/1401882
Temos abordado no Acerto de Contas as formações de pirâmides financeiras no Brasil. A mais visível é a Telexfree, que apresenta sinais claros de deterioração, mas de maneira surpreendente ainda continua adquirindo novos sócios, crescendo a pirâmide.
Como dito, a Telexfree é uma pirâmide formada através de pessoas que entram em uma rede binária, tendo como pano de fundo a venda do serviço Voip.
As pessoas pagam dois tipos de pacotes, e são remuneradas por colocarem anúncios diários na internet, em classificados que ninguém lê. Obviamente se trata de uma pirâmide intangível, que remunera as pessoas com a entrada de novos sócios.
A remuneração apenas pela postagem de anúncios na internet fica em torno de 242% ao ano. Algo claramente insustentável, conforme mostramos aqui, já que a Telexfree já distribui de propaganda mais que a Casas Bahia (R$ 240 milhões em um mês) em um produto que vendeu apenas R$ 300 mil. Em resumo: a “propaganda” custou 800 vezes a receita da empresa.
Durante este período surgiram outras pirâmides, mas uma “pegou”: a BBOM.
A BBOM, teoricamente, é uma empresa de rastreadores que funciona em sistema de Marketing Multinível.
A história é exatamente a mesma.
Pega-se um produto de baixa demanda, monta-se uma rede de compradores autoremunerados e sustenta-se a rede com a entrada de novos entrantes. Neste caso, não precisa postar anúncios fictícios na internet, apenas arrumar novos “parceiros”.
Até a lavagem cerebral é semelhante.
Ao contrário da Telexfree, que é uma pirâmide intangível, este é o típico caso de Marketing Multinível.
O que quer dizer: um péssimo negócio.
O Marketing Multinível tem duas classificações possíveis: ou é uma pirâmide financeira ou um péssimo negócio. Só é bom negócio para quem entra no começo, pois vai ganhar dinheiro nas costas dos entrantes novos.
E por que o Marketing Multinível é um negócio ruim?
Porque para remunerar a rede, ele precisa vender um produto superfaturado em relação aos preços reais de mercado, justamente para remunerar a rede. É o caso da famosa Herbalife, que vende shakes de emagrecimento por um preço muito superior (até 3 vezes mais) que a concorrência. Para remunerar a rede, a empresa precisa ter uma margem bruta enorme no produto vendido.
Quando o “parceiro” percebe, está almoçando e jantando shakes. O objetivo, que é emagrecer, acaba sendo alcançado porque o camarada só se alimenta de shakes nutricionais.
No caso da BBOM, é uma mistura de remuneração Telexfrializada com produtos de baixa demanda, que é o caso do rastreador. Junta a fome com a vontade de comer dos desavisados.
E ainda estão sendo mais espertos. Ao invés de ficar no submundo dos negócios como a Telexfree, a BBOM está indo para a mídia tradicional, colocando propaganda na Globo, pagando para Amaury Júnior fazer programa específico, inclusive contratando gente famosa para fazer a entrega de prêmios.
Mas no fundo é a mesma coisa, com uma roupagem nova. Coloca-se um Diretor de Marketing falastrão, arruma-se uns exemplos de pessoas que eram fracassadas ficando ricas e fala-se em realização de sonhos.
Quer um conselho?
Não entre nisso. Vá buscar uma forma de produzir correta, crescendo na vida através do estudo, se qualificando. Ainda não arrumaram uma forma de ficar rico sem trabalhar.
Em relação à Telexfree, esta suspendeu os pagamentos do mês de junho, falando que está ocorrendo uma alteração no cálculo do Imposto de Renda. A princípio pode fazer sentido, mas esta mudança de regra pode mostrar que algo está errado.
E este algo errado pode estar justamente na falta de novos entrantes.
E a dica do que pode estar acontecendo quem dá é o próprio Diretor da Telexfree, em vídeo divulgado no You Tube (acima).
A concorrência com a BBOM.
Explica-se: como o negócio em si não é o produto, mas os entrantes, o potencial da empresa se esgota rapidamente pelo concorrente.
Em outras palavras, os negócios se canibalizam por falta de pessoas interessadas neste tipo de transação.
Mas duas coisas chamam a atenção nisso tudo: a recorrência de casos deste tipo (dia desses uma pirâmide chamada Mister Colibri quebrou lesando milhares de pessoas) e a total falta de controle do Poder Público, que não consegue se organizar. Os únicos que estão agindo são os Procons, quando isso deveria ser algo articulado pelo Ministério Público Federal ou Polícia Federal, dada a importância do ocorrido.
Engana-se que este tipo de ocorrência é exclusiva do Brasil. Em 2009 o FMI publicou um trabalho (Ponzi Schemes in the Caribbean) falando especialmente das pirâmides que se formaram em países caribenhos, justamente pela falta de regulação correta do sistema financeiro. A frequência é o tamanho destas pirâmides assusta. E a Telexfree já pode constar como uma das maiores da história.
A verdade é que, no fim de tudo, o resultado será o mesmo. Famílias quebradas, pessoas endividadas e com perda de patrimônio por absoluta falta de regulação.

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