quarta-feira, 10 de abril de 2013

Polpa de tomate chinesa é mais barata que nacional

Viagem
Publicado no Jornal OTEMPO em 10/04/2013

FOTO: LEO FONTES - 15.2.2012
Tomates viajam de trem, navio e caminhão até indústrias de Goiás
São Paulo. Depois que restaurantes começaram a anunciar o boicote ao tomate - o novo vilão da inflação -, agora é a vez da indústria de molhos recorrer a soluções alternativas para atender ao mercado interno.
Reportagem da "Folha de S.Paulo" de ontem mostrou que as importações dos tomates inteiros subiram 232% apenas no primeiro bimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2012, para US$ 13,8 milhões. Quase metade delas - 42% - vêm da China.
O pesquisador João Paulo Deleo, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, ouvido pela reportagem, diz que isso ocorre porque o nível de estoques de polpa de tomate no Brasil está baixo, e que não tem relação com o aumento do preço do tomate de mesa, que já virou piada na internet.
O texto mostrou o trajeto insólito feito pelos frutos importados. Eles são produzidos numa região semidesértica na cidade de Urumqi, em Xinjiang, no noroeste da China. Percorreram 3.247 km de trem até a zona portuária do país. Em seguida, contornam a África do Sul de navio, em uma viagem de 40 dias, até o porto de Paranaguá, no Paraná. Levam um terço do tempo - 13 dias - para serem desembaraçados no porto após a chegada ao Brasil. Por fim, mais cinco dias de caminhão, até Goiás, Estado polo de indústrias de polpa de tomate no Brasil. A viagem completa, da China à indústria dos molhos, dura 65 dias.
Segundo a importadora Atlântica Foods, de São Paulo, que começou a trazer polpa de tomate há
quatro anos, a importação também vem de países como a Argentina, o Chile e a Colômbia.
Responsável pela comercialização da importadora, Lissandra Breternitz disse na reportagem que consegue vender a polpa de tomate chinesa numa fábrica de Goiás a um preço 20% menor do que o concorrente local. Ela também destacou que o padrão de qualidade chinês é alto e não varia.
Também São Paulo e Estados do Nordeste apelam ao tomate chinês para incrementar em 10% a 70% sua produção de molhos.

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