Reinaldo |
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é o patrono da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e mártir da Independência do Brasil.
Coube
a Tiradentes a culpa maior, talvez por ter sido ele o mentor
intelectual do movimento. Sabia ser desnecessário o sacrifício de todos.
Subiu ao patíbulo altivo e sereno, pois não o assustava a morte
prematura que o rondava. Tinha certeza de que não há glória em viver
escravizado. Seu sangue irrigou o sentimento de liberdade de um povo
nascido nos sertões. Acostumados à lida da terra, vagando pelos campos e
pradarias ao sabor do vento. Caboclo sem amarras e peias, miscigenação
de raças, que vive sob a égide do Cruzeiro do Sul, símbolo de sua
religiosidade.
A Polícia Militar de Minas Gerais o adotou por patrono. Seu exemplo
será sempre citado, sua memória perpetuada. Seus filhos de farda bege,
policiais militares da milícia de Tiradentes não se deixam abater pelo
desânimo. Nem a morte lhes esmorece o temor de servir à Pátria. Seguem o
exemplo de Tiradentes e no campo de batalha honram suas tradições,
defendem com denodo o direito constitucional de serem livres. Tiradentes
era filho de Domingos da Silva Santos e de Antônia da Encarnação.
Nasceu em 16 / 08 / 1746. Consta de sua biografia ter ficado órfão na
infância e convivido com o seu padrinho Sebastião da Silva Leitão,
licenciado em medicina. Dele assimilou ensinamentos práticos do ofício
de dentista, o que lhe valeu a alcunha de Tiradentes.
Conhecia os caminhos e picadas dos sertões das Minas Gerais, Bahia e
Rio de Janeiro. Foi mascate e posteriormente mineralogista. Dedicou-se a
empreendimentos sofisticados de engenharia. Era amigo do bacharel José
Álvares Maciel, formado em Coimbra.
A revolução social na Europa e a luta pela independência dos Estados
Unidos alastravam-se pelo mundo. Chegou também ao Brasil. Encontrou
guarida nas mentes evoluídas, as quais ansiavam redimir o povo
brasileiro, das absurdas imposições da Corte Portuguesa. Proibiam-se
escolas e fábricas no território do Brasil/Colônia. Cobravam-se impostos
exorbitantes, na base de um quinto de tudo o que aqui se produzia.
Tiradentes percebeu que um movimento revolucionário tornaria o Brasil
independente. Nascia a Inconfidência Mineira. O dia escolhido para se
deflagrar o movimento seria o dia da derrama, ou seja, o dia da cobrança
dos impostos atrasados.
A bandeira já estava pronta e nela se lia: “Libertas Quae Sera Tamem”, (Liberdade ainda que tardia).
Tiradentes foi um homem de mente brilhante. Atendia a todos com
grande zelo. Como soldado e como sargento no Esquadrão de Cavalaria da
Guarda dos Vice-Reis, no Rio de Janeiro, era disciplinado e honesto.
Exercia sua função com justiça.
Foi incluído na Sexta Companhia do Regimento Regular de Cavalaria de
Minas Gerais em 1779. Seu indiscutível valor e a sua ascendência moral
sobre os companheiros conquistaram para ele o posto de Alferes. Como
chefe de rondas volantes, coibia o contrabando do ouro. Policiava
trilhas e picadas da Serra da Mantiqueira, infestados de salteadores e
bandoleiros. Nunca se ouviu dizer que ele tenha cometido a mais leve
transgressão à disciplina militar que pudesse macular-lhe a honra.
Teve o seu destacamento acantonado em Sete Lagoas (MG), em data de
07/12/1.780. Endereçou um documento à Rainha D. Maria I, prestando
minucioso relato sobre a concorrência pública a respeito da aquisição de
gêneros alimentícios e de ração para os homens e animais sob o seu
comando.
É dessa época que o 1º Batalhão da Polícia Militar guarda deste
herói, com justificado orgulho, no gabinete do Comandante, o valioso
autógrafo do seu patrono, Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes.
Eloqüente na pregação de suas idéias defendeu-as até a morte, sem
recuar delas por nenhuma conveniência. Nem tortura de fome, sede ou
frio, sofrido nos cárceres, o deteve nessa escalada para a glória. Suas
últimas palavras, a ele atribuído por ilustres historiadores: “Se mil
vidas tivesse, mil vidas eu daria”.
José Carlos Lemos (Cel PM) – Passos/MG
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