Renata Caldeira/TJMG/Divulgação
"Bola" chora ao ouvir a sentença de 22 anos de prisão
Culpado. Os jurados decidiram que foi o ex-policial Marcos Aparecido
dos Santos, o "Bola", que executou a modelo Eliza Samudio, ex-amante do
goleiro Bruno Fernandes de Souza. Pela condenação, a juíza Marixa
Fabiane Lopes determinou pena de 22 anos. Além desse crime, ele é
acusado, também, de integrar um grupo de extermínio composto por
policiais civis e é investigado por pelo menos outros dois homicídios.
Em novembro de 2012, ele foi absolvido da morte de um carcereiro.
Pelo assassinato de Eliza Samudio, "Bola" foi sentenciado a 19 anos de
prisão em regime fechado. Além do homicídio, o Conselho de Sentença,
formado por quatro homens e três mulheres, definiu que o ex-policial
ocultou o cadáver da vítima. Pelo crime, ele foi condenado a três anos
de prisão em regime aberto e, também, a 360 dias/multa ou ao pagamento
de R$ 6.120. Ele não poderá recorrer da sentença em liberdade. Os
jurados conderam o réu por 4 a 0 na autoria dos crimes e qualificadoras
de asfixia e 4 a 1 na defesa da vítima.
Ao contrário do goleiro Bruno, e de Luiz Henrique Romão, o "Macarrão",
que confessaram parcialmente participação no assassinato, Marcos
Aparecido alegou inocência. "Se eu morresse acabaria esse martírio",
chegou a declarar.
Não adiantou fantoche, ajoelhar mediante aos jurados, apelar para
xingamentos e reportagens, a defesa não conseguiu convencer os jurados
da inocência de "Bola". O promotor Henry Vasconcelos, com sua atuação
efusiva e eloquente, foi mais afirmativo e categórico ao chamar o réu de
"matador, assassino de aluguel, psicopata, profissional na arte de
matar".
Logo após o julgamento, que durou seis dias e terminou no fim da noite
deste sábado (27), os advogados dele sinalizaram que irão recorrer da
decisão. A família de Marcos Aparecido chorou copiosamente após a
leitura da sentença.
Do Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte, onde o julgamento foi realizado, "Bola" seguiu algemado e
escoltado para Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São
Sebastião de Bicas, também na Grande BH. Por matar Eliza, ele já cumpre
pena desde 2010 e, conforme a Secretaria de Estado de Defesa Social
(Seds), "Bola" deverá permanecer detido no complexo, que é destinado
para receber ex-policiais condenados.
Confronto
Várias polêmicas marcaram o julgamento do ex-policial. No último dia de
sessão, o promotor classificou o ´réu como "desgraça, bandido, canalha,
vagabundo, mentiroso, estúpido, crápula e covarde". Além disso, ele
disse que "Bola" é "matador, assassino de aluguel, psicopata e
profissional na arte de matar". Os advogados de defesa não ficaram para
trás e retrucaram, chamando o representante do Ministério Público (MP)
de "alienígena".
Nos seis dias em que ocorreu o júri, o advogado Ércio Quaresma foi o
protagonista das confusões. No quarto dia de julgamento, quando
interrogava o delegado aposentado Edson Moreira, ele teve a palavra
cassada pela juíza. A magistrada alegou que o defensor estava
desrespeitando e coagindo a testemunha.
Crime teria sido motivação porque o atleta se recusou a pagar pensão para o filho que teve com a ex-amante (Foto: Montagem/Divulgação)
Julgamento
Ainda serão julgados pelo sumiço de Eliza Samudio o ex-caseiro do sítio
de Bruno, Elenilson Vítor da Silva, e o motorista do atleta, Wemerson
Marques de Souza, o "Coxinha". Os réus respondem por sequestro e cárcere
privado e vão a júri popular em 15 de maio.
Condenação
O goleiro Bruno Fernandes de Souza foi condenado, em março deste ano, a
22 anos e três meses por tramar e mandar matar a ex-amante Eliza
Samudio. Dayanne Rodrigues, que foi julgada junto com seu ex-marido, foi
denunciada por sequestro e cárcere privado do filho que o atleta teve
com Eliza, no entanto, foi absolvida das acusações. No entendimento dos
jurados, ela ficou com a criança por coação.
Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", e Fernanda Gomes de Castro,
ex-namorada do goleiro Bruno, também foram julgados e condenados em
novembro de 2012. "Macarrão" foi sentenciado a 12 anos em regime fechado
por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso
de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime
aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação
de ocultação de cadáver. Já Fernanda vai responder por dois crimes: de
sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho,
com pena de 2 e 3 anos respectivamente, ambas em regime aberto.
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