O
ataque de ontem durante a exibição do novo filme do Batman em um cinema
de Aurora, uma cidade de no subúrbio de Denver (Colorado), coloca em
choque mais uma vez dois valores importantes para a sociedade americana.
De um lado, a segurança de poder ir a um filme ou a uma escola sem
correr o risco de ser morto por um atirador louco. De outro, a liberdade
para os cidadãos carregarem armas.
De acordo com a Segunda Emenda da
Constituição dos Estados Unidos, as pessoas possuem o direito de portar
armas para sua proteção, desde que sempre as usem dentro da lei e não
integrem milícias.
Mas, há décadas, ativistas contrários a
esta determinação pedem maior controle. Um dos maiores opositores do
direito ao porte de armas nos EUA é prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg. Em um emocionado discurso ontem depois do ataque no Colorado,
o bilionário político americano pediu ao presidente Barack Obama e ao
candidato republicano, Mitt Romney para se posicionarem sobre como
pretendem lidar com o tema.
Ao mesmo tempo, existe o poderoso lobby
do National Rifle Association e também o ideal libertário de que o
Estado não tem o direito de impedir uma pessoa de carregar uma arma para
a sua própria defesa. Para muitos americanos, ninguém pode restringir
esta liberdade.
Obama adota um tom ambíguo, pois sabe
que o presidente não tem poderes para derrubar a Segunda Emenda. Desta
forma, o atual ocupante da Casa Branca se distancia do debate, como
ontem, usando argumentos jurídicos e dizendo que todos os lados têm o
direito a uma opinião sobre um dos mais polêmicos na sociedade americana
ao lado do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Romney, por sua vez, é claro ao defender
a Segunda Emenda. Caso se posicionasse contra ao direito de portar
armas, bateria de frente com toda a base de seu partido, que considera
este direito constitucional quase sagrado.
Independentemente da posição dos dois
concorrentes à Casa Branca, não há, mesmo diante de mais mortes como as
de ontem, uma chance no curto e médio prazo de a lei ser alterada. Vale
lembrar que Aurora, o palco do ataque do filme do Batman, como o
episódio já é conhecido nos EUA, fica a apenas poucos quilômetros de
Columbine, onde ocorreu o massacre de Columbine. Na ocasião, dois
estudantes de uma High Scchool (o equivalente ao ensino médio no Brasil)
mataram 13 colegas. E nada mudou, como não mudará agora.
Leiam ainda o blog Radar Global. Acompanhem também a página do Inter do Estadão no Facebook
Comentários islamofóbicos,
anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como
superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou
contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão
mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos
os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto
a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários
dos leitores não refletem a opinião do jornalista
O jornalista Gustavo Chacra,
correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo” e do portal
estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em
Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens
do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito,
Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente
do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza,
Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no
Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. Também é
comentarista do programa Em Pauta, na Globo News. No passado, trabalhou
como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do
Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios
no twitter @gugachacra
Nenhum comentário:
Postar um comentário