domingo, 15 de julho de 2012

Motoristas de BH ficam engarrafados até a Copa

Trânsito trava nos cinco principais corredores da capital por causa de obras
  • Ramon Guerra, do R7 MG | 15/07/2012 às 05h40
Paulo Komel, do R7 MG
BH parada até a Copa
Veja a galeria completaMotoristas de Belo Horizonte sofrem, além do trânsito pesado, com a falta de alternativas para fugir dos principais pontos de engarrafamento

A dois anos de se concretizar como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, Belo Horizonte é uma cidade sem alternativas a curto prazo para os congestionamentos que assolam a capital por causa das obras de preparação para o evento. A paciência e criatividade do motorista acabam sendo testadas diariamente para escapar das intervenções nas principais avenidas da cidade na busca dos desvios.
A capital mineira conta, segundo dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran), com uma frota de 1.465.356 veículos, que somados aos carros que vêm de outras cidades, tornam cada vez maior a necessidade de vias alternativas aos grandes corredores para aliviar o trânsito. O problema é que elas não existem.
A reportagem do R7 MG procurou três especialistas em trânsito para tentar definir algumas possibilidades para quem quer fugir do trânsito de corredores mas, em algumas delas, como a avenida Cristiano Machado, por onde circulam aproximadamente 80 mil veículos por dia, eles preferiram não se arriscar. Apenas em alguns casos, como a avenida Pedro I, por onde passam 45 mil carros, e a avenida Antônio Carlos, com fluxo diário de 90 mil veículos, os motoristas conseguem evitar parte da via por caminhos alternativos.
Segundo o consultor em transporte e trânsito Osias Batista, a explicação para a falta de "rotas de fuga" está na forma como BH foi construída, sem planejamento, o que torna a rota alternativa muitas vezes mais demorada do que a principal.
— As ruas de Belo Horizonte foram construídas de uma forma que, tecnicamente, chamamos de caminho de rato. Elas não se encontram, é difícil achar uma alternativa às grandes avenidas que seja contínua e apareça como desvio.
Quem mais sofre com o problema levantado por Osias são motoristas como o taxista Ricardo Antônio Moreira. Há 20 anos na praça, ele afirma que precisa passar diariamente por vários dos principais corredores da cidade. Sem alternativas viáveis e trabalhando dez horas por dia, Moreira diz que 50% do período de trabalho é perdido por conta de congestionamentos.
— As obras vieram todas no mesmo momento. Trouxe transtorno para motoristas e para pedestres, e não dá pra fugir. No horário de pico, por exemplo, não tem como.
 
Vai demorar
Segundo levantamento da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Belo Horizonte tem ao menos oito obras de grande expressão sendo realizadas ao mesmo tempo. São três intervenções na avenida Pedro I; uma na Cristiano Machado; uma na avenida do Contorno; uma na avenida Santos Dumont; a ligação da Via do Minério com a avenida Tereza Cristina, chamada de Via 210; e a construção da Via 710, que servirá para unir as avenidas dos Andradas e Cristiano Machado.
Ainda de acordo com o levantamento da Sudecap, as obras que estão com o prazo de entrega mais distante serão terminadas apenas em outubro de 2013, quatro meses após o fim da Copa das Confederações, evento teste da Fifa para a Copa do Mundo, que será realizado entre 15 e 30 de junho de 2013.
Segundo Nílson Tadeu, chefe do Departamento de Engenharia de Trânsito da UFMG, a população ainda terá que “pagar os pecados” no trânsito da capital, já que além das obras, Belo Horizonte não tem investimento em transporte público.
— Com certeza as obras restringem a capacidade (de trânsito) e aumentam o congestionamento. A frota de carros cresceu demais, o BRT é um paliativo que ainda não temos certeza se irá funcionar, então a situação é muito crítica.
Até aqueles que teoricamente deveriam enfrentar o trânsito com facilidade passam por problemas. Segundo o motoboy Warley Donizete de Oliveira, que precisa passar várias vezes por dia na avenida Cristiano Machado, o trânsito que já era ruim para os motociclistas por conta de falta de respeito dos carros, só piora.
— Belo Horizonte não vai parar. Já está parado, né? Tá ruim demais. Mas quando a obra ficar pronta, vai ficar bom.
Procurada pela reportagem, a BHTrans informou por meio de sua assessoria de imprensa que não existem desvios em estudo para as avenidas em obra na capital.

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