quinta-feira, 5 de julho de 2012

Obra na Pedro II encurta trajeto até o Centro, mas aumenta em direção à Pampulha

No primeiro dia de tráfego no prolongamento da Pedro II, teste do EM constata economia de tempo apenas em direção à Região Central. BHTrans diz que ajustes de semáforo devem resolver problemas nos próximos dias
Mateus Parreiras - estado de Minas
Publicação: 05/07/2012 06:00 Atualização: 05/07/2012 08:33

Trecho da avenida aberto ontem ao tráfego: retenções em semáforo no cruzamento com marginal do anel rodoviário e acidentes foram apontados como problemas no sentido bairro (beto novaes/em/d.a press)
Trecho da avenida aberto ontem ao tráfego: retenções em semáforo no cruzamento com marginal do anel rodoviário e acidentes foram apontados como problemas no sentido bairro

Depois de cinco anos de obras e R$ 150 milhões em investimentos, o prolongamento das avenidas Pedro II, João XXIII e Tancredo Neves foi liberado pela Prefeitura de Belo Horizonte e, no primeiro dia de tráfego, atendeu em parte a expectativa de reduzir em 30% o tempo das viagens. A reportagem do Estado de Minas fez trajetos de ida e volta do início da Pedro II até o fim da Tancredo Neves e constatou ganho de tempo no sentido Centro com a nova pista. No sentido Pampulha, porém, o novo caminho se revelou mais lento.
Em direção ao Centro, o trajeto na avenida quadruplicada que passa sob o Anel Rodoviário chegou a ser 10 minutos e 14 segundos mais rápido que o antigo – ganho de 32% (veja arte). Para a Região da Pampulha, o caminho usado anteriormente, que inclui ruas estreitas do Bairro Jardim Alvorada, foi cumprido mais rapidamente: 8 minutos e 28 segundos. Um dos problemas identificados na nova pista foi um semáforo instalado no cruzamento com uma via marginal do Anel. “As nossas equipes de operação estão ajustando os tempos dos semáforos e isso deve regularizar algum engarrafamento que possa ocorrer no início”, disse o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar. A empresa que gerencia o tráfego da capital minimizou problemas ocorridos no primeiro dia de operação e justificou que seis acidentes no Anel Rodoviário podem ter contribuído para aumentar o tempo gasto na nova pista no sentido Centro-Bairro. O diretor-presidente da BHTrans, no entanto, reconheceu que uma solução definitiva só virá com a duplicação do Anel e a implantação de vias que desemboquem diretamente na Tancredo Neves.
Mudanças
As intervenções na Região Noroeste têm reflexo em vias importantes da cidade. A prefeitura calcula que 85 mil veículos passarão diariamente pelo trecho inaugurado, o que facilitará o trânsito entre as regiões da Pampulha e Noroeste e o Centro e desafogará outras vias arteriais da cidade, como as avenidas Antônio Carlos, Carlos Luz e Abílio Machado. As obras foram planejadas para beneficiar também o entorno de bairros como Castelo, Serrano, Santa Terezinha, Paquetá, Conjunto Celso Machado e parte de Contagem, na Grande BH.
 (ARTE EM)
O mestre em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro diz que problemas nos primeiros dias de operação eram esperados, mas cobrou atenção dos responsáveis pelo trânsito. “O primeiro dia é complicado mesmo, as pessoas se confundem. É hora de a BHTrans fiscalizar e orientar”, analisou o professor da PUC Minas. “Um semáforo pode, sim, atrapalhar muito, mas o pior do trecho é o trevo que ainda não foi concluído no Anel”, acrescentou. Especialistas chegaram a sugerir a construção de uma trincheira entre a Tancredo Neves e a Dom Pedro II, o que poderia reduzir o impacto de semáforos. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que essa solução chegou a ser estudada, mas foi abandonada devido ao alto custo da intervenção.

Acesso

Entroncamento do Anel Rodoviário com Pedro IIApesar de lentidão registrada no sentido Pampulha, comerciantes da região acreditam que a inauguração do novo trecho terá impacto positivo sobre os negócios. Elson Soares de Morais, de 56 anos, que trabalha num depósito de construção no Jardim Alvorada, disse que o fato de ter acesso à Pedro II vai permitir que ele conquiste clientes na avenida. “Antes, não tinha acesso à Pedro II por causa da Vila São José. Agora, podemos arrumar clientes por lá e entregar rápido.”
A remoção da Vila São José e reassentamento de 2.226 famílias foram apontados pelo secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares, como principais conquistas do complexo. Parte das famílias foi transferida para 1.408 apartamentos do Programa Vila Viva. “Aqui antes havia um córrego que inundava, violência e precariedade”, comparou.
Segundo Valadares, nos próximos dois anos uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), um centro de saúde e mais 208 unidades habitacionais ficarão prontas ao custo de R$ 30 milhões. Uma estação de integração de ônibus funcionará num espaço de 20 mil metros quadrados no centro da Tancredo Neves. Segundo a BHTrans, o projeto deve ficar pronto nos próximos dias. A Sudecap informou que a construção também levaria dois anos, mas ainda não há previsão orçamentária.


Enquanto isso...

...PROJETO DO ANEL EM FASE DE AJUSTE

O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Jorge Fraxe, e o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, sobrevoaram ontem áreas do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano (Rodoanel) como parte dos entendimentos para tocar as obras que visam desviar o tráfego pesado metropolitano das vias urbanas de Belo Horizonte. Na ocasião, o Dnit entregou os levantamentos feitos pelo DER-MG, que é subordinado à Setop, com ajustes para concepção final do Projeto Executivo do Anel Rodoviário. A expectativa do secretário Melles é de que as adaptações fiquem prontas na próxima semana. “São poucos acertos a serem feitos. No sobrevoo pudemos mostrar trechos complicados do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano, como os estreitamentos sobre a Avenida Amazonas, a Linha Verde, a BR-040 sentido Brasília”, conta. Ainda segundo Melles, a PBH já estuda a remoção de famílias nas áreas que receberão obras. O custo estimado da expansão do Anel Rodoviário é de R$ 1,5 bilhão. O Anel Metropolitano foi dividido em três trechos, sendo que a parte sul caberá ao Dnit, a Leste à PBH e a Norte à Setop.

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