domingo, 22 de julho de 2012

A morte em nossa mesa - Agrotóxicos

22/07/2012 07:07 - Atualizado em 22/07/2012 07:07

Editorial Hoje em Dia


O consumidor mineiro que tenta se alimentar de forma mais saudável, fugindo das frituras e outros alimentos que fazem mal à saúde, muitas vezes acabam saltando no fogo para fugir da frigideira – como no antigo provérbio –, quando passam a consumir mais frutas e verduras. É o que indica reportagem deste jornal, publicada nesse sábado (21), alertando sobre a elevada presença de agrotóxicos em alfaces, morangos, pimentões, tomates, chuchus e outros produtos agrícolas vendidos por feiras e supermercados de nossas cidades.
É um ataque sorrateiro à saúde da população, em que se aliam escassez de fiscalização do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ignorância dos produtores das frutas e hortaliças que chegam às mesas dos mineiros, ganância e busca do lucro a qualquer preço. Só mesmo por ignorância, um produtor aplica em excesso um agrotóxico que lhe custa caro, na esperança de assim exterminar pragas mais resistentes e aumentar a produção.
Pode-se atribuir também à ignorância, quando não à má-fé, o emprego nas hortas e pomares de defensivos agrícolas proibidos para determinados usos. Por exemplo, um agrotóxico autorizado para o tomate sendo usado indevidamente na cultura de pepinos. A melhor maneira de combater a ignorância é a educação, e existem muitas entidades governamentais que deveriam estar cuidando disso no meio rural.
Mas há também casos em que venenos proibidos nos Estados Unidos e na Europa, onde é mais avançado o controle sanitário, estão sendo produzidos no Brasil por multinacionais e vendidos ao mercado interno. Nossa legislação é permissiva e nossas autoridades omissas, numa questão que deveria ser considerada prioritária para qualquer governo sério – a defesa da segurança alimentar da população.
O IMA alega ser impossível fiscalizar mais de 500 mil propriedades rurais espalhadas pelo território mineiro, com apenas 452 fiscais atuando em 54 postos de vistoria. O número reduzido de análises laboratoriais – foram realizadas apenas 185 durante todo o ano passado – reforça a suspeita de que a saúde dos mineiros está entregue às moscas. Nesses poucos exames, foram encontrados 26 produtos inadequados para o consumo. Num deles, a alface, 31% revelaram-se com excesso de agrotóxicos.
Os que consomem esses produtos estão se arriscando a sofrer distúrbios gastrointestinais, mal-estar, alterações na pele e fraqueza muscular. Ou, em casos mais graves, se expõem à paralisia, ao câncer e à morte.

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