sábado, 14 de abril de 2012

Cuba promete fazer reforma migratória 'radical' em meses

Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento, não detalhou as medidas.
Questão migratória é usada para 'desestabilizar' Cuba, disse.

Da AFP
Cuba vai colocar em andamento "uma reforma migratória radical e profunda nos próximos meses", que pode eliminar restrições que os cubanos tiveram durante décadas para viajar ao exterior, anunciou nesta sexta-feira (14) o presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón.
"Um dos temas que estamos debatendo atualmente no mais alto nível do Estado se refere à questão migratória. Vamos proceder com uma reforma migratória radical e profunda nos próximos meses com o objetivo de eliminar esse tipo de restrição", disse Alarcón, sem dar detalhes.
"A questão migratória (...) sempre foi usada como uma arma de desestabilização contra Cuba desde 1959 e como um elemento de distorsão da realidade cubana", disse Alarcón em entrevista publicada no site Rebelión.
Há meio século existem restrições para viajar, mas milhares de cubanos emigram ilegalmente a cada ano, às vezes em perigosas travessias no mar em precárias embarcações.


Desde 1966, os cubanos têm direito a residência automática ao chegar aos Estados Unidos, que também dão anualmente em Havana cerca de 20.000 vistos a emigrantes.
Para viajar ao exterior, os cubanos requerem uma permissão de saída que, a um custo de US$ 150, é dada por 30 dias prorrogáveis 10 vezes, depois do qual deve retornar ou perdem o direito de residir em seu país.
Alarcón afirmou que "existe também outra explicação para essas restrições: a necessidade de proteger nosso capital humano. A formação de médicos, técnicos, professores, etc., custa muito caro ao Estado cubano e os Estados Unidos fazem de tudo para nos privar destas riquezas humanas".
Além dos que saem do país de forma ilegal, mais de 30 mil cubanos emigram legalmente a cada ano.
Alarcón disse que a reforma favorecerá também os cubanos emigrados - que precisam de uma permissão de entrada ao país -, que não têm agora o mesmo "perfil" que dos que saíram nos primeiros anos do regime comunista.
Ele afirmou que "desde então outros cubanos emigraram aos Estados Undos e não apresentam o mesmo perfil que o exílio histórico. Trata-se agora de uma emigração econômica cujo interesse fundamental é manter um vínculo pacífico com seu país de origem".
"As coisas mudaram muito (...). Cerca de meio milhão de cubanos instalados fora de nossas fronteiras nos visitam a cada ano. A maioria da emigração cubana tem uma relação normal com sua pátria de origem", disse.

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